domingo, 3 de abril de 2011

Ser feliz e o ser infeliz.

O Ser infeliz: Procura em tudo que o que é perfeito, um defeito.
Faz da vida um eterno caminhar acorrentado.
Não muda nada do que faz mal, ao contrário, cultiva.
Engana a própria sorte para ter azar.
O Ser infeliz é assim como eu sou, atormentado por natureza, obrigatóriamente e inevitavelmente triste. É assim todo errado, virado do avesso, magoado de tudo, perdido quase sempre, ainda que saiba ao certo aonde quer chegar. O Ser infeliz não aguenta com o peso de si mesmo sobre as costas e os pés, por isso tropeça em cada esquina. Cansa rápido e sente vontade de chorar incontrolável quase o tempo todo. Em suma, o Ser infeliz   costuma morrer cedo, mas embora não pensem, ele vive muito intensamente, e com mais sensibilidade.
Todos os dias o Ser infeliz acorda com a mesma questão a lhe atormentar: "Como é ser feliz?". O Ser infeliz já viveu momentos felizes, é claro, como qualquer um, mas nunca experimentou uma felicidade plena e que durasse, com ele é tudo sempre muito momentâneo, é sempre muito pouco.
Ele idealiza o Ser feliz, e pensa como deve ser bom ter todos os dias aquela sensação de esperança que faz até o coração saltar, que ele sente às vezes, sem razão, mas dura apenas uns segundos.
Será que ser feliz é tão feliz assim? Quando alguém te responde que é feliz, é por que é feliz a maior parte do tempo. Do mesmo modo o infeliz, só que ao contrário. Eu fico aqui, parada, presa em meus devaneios loucos, pesando em como deve ser bom ser feliz mais que apenas "às vezes".
Ser feliz não pode doer, deve ser bonito, cheio de céus azuis, de oceanos intermináveis, de praças floridas e ruas claras. Ser feliz pode ser um jeito de encontrar, finalmente a vida, como uma coisa boa, como uma prova positiva e não definitiva.
Ser feliz deve ser ter um amor fundo, intenso, imenso, eterno, e tudo o que tem de bom a vir junto. Deve ser a coisa mais linda de se sentir parte de tudo o que nos cerca, se deixar molhar por uma chuva gostosa de verão e esquecer dos relógios que nos oprimem demais.
O Ser infeliz para e se perde nos sorrisos alheios, pra se encontrar, repara nos olhares e se emociona em cada um, o ser infeliz não é grosso, insensível ou cruel, é só alguém não descobriu ainda o seu modo de ser feliz e realizado, ele ainda não enlouqueceu o suficiente!