Esta cidade já viu meus olhos inundados d'água, e me viu acreditar mais uma vez. Maris e Barros presenciou meu coração à explodir de esperança e minha janela me sabe inteira quando estou só.
O mundo sabe de nós coisas demais, enquanto talvez, saibamos muito pouco, a vida parece estar sempre nos fazendo tropeçar em nossos erros e nos dando novos motivos para olhar mais a diante, como se todas as terríveis dificuldades e os desencontros, fossem, por alguma razão, só uma parte do que é viver mesmo, aguentar é questão de sobrevivência, mas sorrir é a maior demonstração de força.
Às vezes vivo como se ainda procurasse por algo, às vezes não vivo, fico em suspenso, em sono profundo e me perco no sentido de quem quero encontrar, é um sonho torto - penso- um sonho torto.
O caminho conhecido é sempre fácil, não dá gosto, nem desgosto, é o mesmo, não importa quem por ali passe. Deve ser por isso que as ruas de Icaraí me parecem sempre diferentes, cada vez que volto se renovam, sempre me perdem, sempre me emocionam, como a alguém que busca em cada esquina uma resposta, e quase sempre chora ao encontrar, porque a resposta é como um sol, uma nuvem, uma calçada rachada, a areia da praia, uma bola de sorvete, a corrente de vento, uma frase de Chico, a minha própria história que as ruas vão me contando, e a nossa história, ao ser lembrada, muitas vezes dá vontade de chorar.
A vida é uma sequência de encontros e desencontros, quando sabemos quem queremos encontrar, muitas vezes ficamos à beira do caminho, tantas vezes esperamos tempo demais, e o tempo se vai diante da porta errada em que batemos. Há vezes, porém, em que a vida nos permite encontros felizes, coincidências, acasos que viram histórias inteiras, repletas de céus azuis e dias de chuva também, porque se vive sempre um dia de cada vez.
Sinto uma paz me tomar, os sobressaltos ficaram há algumas horas e me lembrei de que a vida é muito mais do que instantes da confusão que me causam todas as paixões ou a ausência delas. Ela me sabe de cor, em cada pequeno detalhe triste, ou cada grande esperança, ela é que me vive, por vezes? Não sei dizer, mas existo tão completamente que nada jamais faz sentido. O sentido é nunca, é agora, é sempre e sempre me perde, o sentido não existe.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
sexta-feira, 18 de maio de 2012
O "código de conduta"
Eu sou capaz de compreender um jogo de futebol se perder meia hora assistindo, mas ainda não entendo as reações humanas diante dos desafios que a vida as apresenta. É certo que nós somos pequenos demais, e a cada instante nos tornamos menores, nossos valores são menores, nossos amores são menores, nossas histórias não tem encontros felizes, elas nem ao menos tem um pouco de coragem diante do desastre ou da infelicidade.
Pensei que então, adoro a minha loucura, porque do coleguismo, moralismo e "código de conduta" alheio, estamos todos entupidos até as orelhas.
O código de conduta que fere, incapaz de amar, incapaz de um gesto de ternura.
Estamos perdidos neste lugar sem mãos estendidas, sem palavras bonitas e sem esperança.
Pensei que então, adoro a minha loucura, porque do coleguismo, moralismo e "código de conduta" alheio, estamos todos entupidos até as orelhas.
O código de conduta que fere, incapaz de amar, incapaz de um gesto de ternura.
Estamos perdidos neste lugar sem mãos estendidas, sem palavras bonitas e sem esperança.
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