Quando acaba e ainda respiramos é como se tudo tivesse recomeçado, esta vida, que no início se parece muito com uma tontura, logo ganha forma e força, mas nunca mais será como antes.
Hoje renasço, tonta, ainda perdida, vivo a balbuciar coisas sem sentido, procurando as palavras certas, o lugar certo, a esperança nos dias frios. Parece bobagem, mas nós sempre encontramos uma maneira de recomeçar, nos preocupamos tanto com soluções para tudo, sem perceber que de um jeito ou de outro a vida sempre se encarrega de nos dar as respostas, os caminhos estão diante de nós e por vezes são eles que nos escolhem, hoje eu sinto que o caminho certo me escolheu, e toda tempestade há de passar.
Quando vivemos em suspenso alguma hora a vida sacode tudo e nos acorda, pode ser brusco, pode ser feio, pode ser complicado para alguém que sempre viveu o fim que justificou o meio, um alguém desastrado como eu. Fui feita de olhos e boca infinitamente perdidos no espaço, ainda que muito doces, além disso tem as pernas, braços, colo, seios, ventre, tudo que tem uma mulher, e todo pulsar descontrolado, desajustado, vibrante e forte. Sim, sou forte, muito mais do que suponho, ou do que alguém imagina. Me sinto tirada da morte, todos os dias são um recomeço, estou sempre a fazer o meu caminho.
Então eu sou inteira à flor da pele, minhas mãos são desastradas e vivo a agonia de existir, talvez por ser fruto de uma relação feita para findar, mas de alguma forma, por alguma razão, sei que valho à pena, que tem algo em mim que é lindo e leve, e o que não é, ah, eu penso nisso amanhã...
Então eu sou inteira à flor da pele, minhas mãos são desastradas e vivo a agonia de existir, talvez por ser fruto de uma relação feita para findar, mas de alguma forma, por alguma razão, sei que valho à pena, que tem algo em mim que é lindo e leve, e o que não é, ah, eu penso nisso amanhã...