terça-feira, 15 de junho de 2010

Copa do mundo



Eu particularmente não tinha nada contra a Copa do Mundo, até achava interessante que todos os países estivessem envolvidos numa mesma coisa, um mesmo projeto: Jogos saudáveis e disputas "amigáveis", visando a valorização esportiva, inclusive. 
No entanto durante os quatro anos que não tem Copa do Mundo, eu só vejo as pessoas reclamarem do nosso País, de como o Brasil é uma "merda" e como gostariam de morar em qualquer país de primeiro mundo. Aí de repente um simples campeonato de Futebol faz com que todos mudem de idéia, e uma vez a cada quatro anos, todos somos patriotas!
Eu amo o meu país, por que nós temos uma cultura riquíssima, gente que é reconhecida em todos os lugares do mundo, menos aqui. Tantas pessoas que lutaram contra ditadura militar, contra opressão, contra políticos corruptos. Tantas pessoas que fizeram músicas incríveis, que escreveram os mais belos versos já publicados, que são reconhecidos lá fora, e que no entanto se orgulham de seu país.
Gostar de outros lugares não é pecado nenhum! Até mesmo ir morar fora do país não é errado. Errado é reclamar durante quatro anos do seu país, cuspir no prato em que comeu e dizer que isso aqui não passa de um país de terceiro mundo que não vai para frente, se deparar com uma Copa do Mundo e de repente amar a terra, a qual você nem aprendeu o hino, mas disfarça e mexe a boca para não fazer feio quando ele toca.
Aqui nasceu a Bossa Nova, o Tropicalismo, o Samba, o carnaval de rua, antes de não passar de puro exibicionismo dos belos corpos esculturais das brasileiras semi-nuas a sambar na avenida.
É por essas e outras que eu me reservo o direito de não curtir os gols que todos comemoram. É por isso que eu estou aqui escrevendo, ouvindo Chico Buarque e ADORANDO o meu país, sem precisar gritar de euforia por causa de um jogo de futebol.
Eu desejo-lhes uma ótima copa do mundo. Dias em que não tem aula, não tem trabalho, só comemoração, só festa! Salgadinhos, muita cerveja e gritaria. Uma ótima discussão sobre quem joga melhor ou sobre quem é o jogador mais bonito de cada seleção. Apenas por esse período todos vamos nos lembrar que amamos o nosso país, nos vestir de verde e amarelo e sair gritando orgulhosos e em vão o nome do mesmo.
 
Brasil, com muito orgulho sim! Ganhando ou perdendo a Copa do Mundo. 


Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

terça-feira, 1 de junho de 2010

"Sem o compromisso estreito de falar perfeito, coerente ou não"


Ando feliz. Vocês bem que devem estar se perguntando: "Mas que milagre é esse?"
Feliz sim, por que temos muito pouco tempo, a vida é muito curta, e a felicidade é tão rara que quando aparece, temos de agarrá-la e segurar bem forte, para que ela demore o máximo possível a passar.
Ando escrevendo. Sim, mas o tempo anda voando. Dizem que o tempo voa quando estamos felizes. Então, eu fiquei "sem tempo" de escrever aqui. Finalmente uma coisa veio à minha cabeça, durante esses dias em que ela tem funcionado a milhão e eu tenho pensado tanto, até mais que agido. Coisa essa, que é motivo suficiente para separar um tempinho e me dedicar ao que eu mais gosto de fazer. Vir aqui, e escrever.
Quando tudo dá certo, parece que minha cabeça não acredita e procura, firmemente, algo de errado para se concentrar e pensar, pensar, e pensar, até eu me dar conta de que é burrice procurar tanto se não existem motivos reais para sofrer. Vai ver que é mesmo o habito.
Tenho tido longas conversas com uma rosa que me foi dada pelo meu amor. Tenho feito rápidas e construtivas faxinas semanais, e para dizer a verdade, eu até que daria uma boa dona de casa! Tenho lido muito, coisas diferentes, bem diferentes eu diria, quando me peguei lendo o livro da Bruna Surfistinha, e achei bem interessante por sinal. Tenho conversado com a minha mãe (embora não sem arranhões) sobre as coisas da vida, e até sobre amor ela vem me falar às vezes.
A minha rotina parece até bem comum, mas a minha cabeça viaja sempre mais longe, e parece impossível que meu pensamento permaneça comigo enquanto o dia passa.
No meio das minhas viagens eu me deparo com as mais diferentes situações, e me pego pensando em coisas tão pequenas que nem mesmo eu ousaria imaginar se não fossem comigo. Vejo os olhares e os marco. Guardo os sorrisos, e me deixo ferir por cada semblante triste por que passo. Gosto quando o sol bate e os olhos quase não podem enxergar. Gosto quando vejo a vida bater na janela e as pessoas abrirem com força.
De repente, num momento em que tudo está dando mais certo para mim, fica até mais fácil ver o que havia de tão errado antes. E foi aí, olhando para as outras pessoas que eu descobri: O que estava errado era justamente achar que tudo estava errado. Falar sobre isso, escrever sobre isso, e insistir tanto nisso!
Veja bem, eu não sou o estereótipo da pessoa meiga e feliz vinte e quatro horas por dia, mas eu descobri que tudo fica bem mais fácil quando a gente sorri. Eu também não sei ser falsa e não dizer aquilo que penso, mas me dei conta de que existem maneiras menos agressivas de se dizer certas coisas, e quanto menos agressivo, menos dor para ambas as partes.
Tem certas horas que ser Áries dificulta, mas eu andei mudando tantas coisas, além do meu cabelo e da minha roupa, que mudei também o que havia de mais importante: A maneira de me ver e sentir, para então, ver e sentir as outras pessoas.
É importante, ao menos de vez em quando, olhar para os outros e tentar sentir o que eles poderiam sentir. Perceber que não vale à pena usar das palavras para ferir alguém. Já disse Graciliano Ramos que "a palavra foi feita para dizer" mas talvez as estejamos dizendo de maneira errada. Talvez eu esteja errada. Eu demorei tempo demais para perceber, mas algum dia os olhos tem de se abrir mesmo, e ainda que o sol os machuque um pouco, é sempre bom vê-lo.
Pode ser que estar vivo e ter tudo o que se precisa para viver, seja motivo suficiente para conseguir deixar de olhar o próprio umbigo e pensar que o mínimo que se espera, e não é mesmo muito, é um pouco de delicadeza.
A vida é melhor quando a gente pode acreditar no caráter das pessoas, quando a gente acredita no sorriso sem ter ouvido sequer uma palavra. Quando a gente pode dizer que tem pessoas por quem se colocaria as mãos no fogo e com a certeza de não se queimar.
Tudo fica mais fácil quando se abre um sorriso e se é gentil, ainda que com aqueles que não merecem. Tudo se torna mais cálido quando a gente aprende a falar aquilo que é necessário e deixar de lado o que não é. Mas a cima de todas as coisas, a vida ganha o seu verdadeiro valor no dia em que lutamos por ela, e até pela dos outros. Mas não se defende causa alguma sem acreditar em ninguém.
Hoje eu desculpo a antipatia das pessoas e até sorrio para elas, afinal, o que são os olhos a me julgar? Hoje eu olho para aqueles que me detestam e procuro entende-los, caso não consiga, mantenho minha boca calada, e cada um que saiba de si.
Só por hoje eu queria que toda palavra fosse bonita, todo gesto, nobre, todo o dia, azul, e queria todo o tempo do mundo para que as pessoas aprendessem a dar o valor necessário às suas palavras,e não fazer com que elas se percam sem destino por aí, afinal o verdadeiro sentido da palavra é ser entendida, e não desperdiçada.