sábado, 2 de junho de 2012

"Mas quando você é o lixo, dói demais ser jogado na sarjeta"

As coisas devem se renovar - dizem. A gente joga fora o que não serve e adquire o que nos parece bom. O bom, sempre muda; sempre é outro; e o outro, que fora ruim, pode ser bom, em determinado momento.
A experiência nos transforma a cada passo; o que deixamos pelo caminho às vezes nem se nota, é triste quando você é o que fica para trás, não? Há vezes em que se sente o lixo para o resto do mundo, e dói como uma faca, que corta aos poucos e fere devagar... Porque o resto do mundo, é muita gente.
As histórias não precisam acontecer para findar, não te parece maluco?
Ao mesmo tempo, que tipo de paixão insiste em não ser fugaz?
Ou qual é a escolha que nos faz acertar ao nosso próprio coração, sem a pretensão de afetar o alheio?
Quais são as escolhas que nos fazem melhores de dentro para fora, para nós mesmos?
Nos transformamos; todos, mas o âmago de cada individuo permanece o mesmo, não acredito em uma forma de transformar o que há de peculiar em cada um, como a maneira de amar ou de ser bom para o resto do mundo. Não creio em maldade absoluta ou tratamentos que transformam alguém da noite para o dia em um ser "melhor", o melhor é subjetivo também.
O que não sou capaz de compreender posso aceitar ou recusar, simplesmente? Tudo é questão de opção e escolhemos ser contagiados pelo outro?
Custei a entender que a paixão é o único contágio que não se escolhe, e o que mais fere. Diante da impossibilidade de se aceitar o que no outro nos parece equivocado ou "fora do padrão" de certo e errado que sempre nos impomos (todos), o que resta?
A paixão acontece, não se escolhe não ser contagiado por quem nos cativa de graça; não se escolhe querer um outro ser completamente diferente de nós; nem se escolhe o desejo desenfreado de, por vezes, tocar aquele que nos faz mal.
O que se escolhe, diante do contágio da paixão que entorpece todos os sentidos é permanecer ou recusar-se. Não é simples, jamais será, e tudo tem que doer para passar, porém se escolhe um tipo de dor:
Será melhor viver com o outro e aceitar a realidade que lhe cabe, ainda que isso nos contradiga todas as certezas?
Ou o mais correto é aceitar que a ilusão sempre finda e pode machucar ainda mais quando se cria uma expectativa do contrário?
Há uma forma possível de racionalizar o que é fantasia e o que é concreto? Quem sabe dizer?
O verdadeiro fato é: Ou se muda o foco, ou se aceita. Não existe mecanismo que transforme o outro.
E principalmente, não há mecanismo algum capaz de gerar encantamento em alguém só porque assim queremos que seja. Por tanto, não existe razão para que se force uma mudança. A real mudança só ocorre por nós e para nós mesmos, mudar porque alguém desejou, acaba por nos transformar em tolos perdidos; maquiados; com máscaras, que em algum momento, terão que cair.
E ainda que doa ser jogado na sarjeta, dói ainda mais acreditar ser imune a virar passado na vida de alguém, porque todos nós passamos uma hora, e tudo passa.

Um comentário:

  1. Vc expressa suas vivências muito bem. kk
    Ps: ''Só sofre por amor qm não tem dinheiro para beber''
    É clichê mas vale a pena mencionar. kkk

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