terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Viva

Chovia muito, daquelas chuvas finas porém constantes. Dessas que você precisa se deixar molhar uma vez na vida, pra entender o por que de estar aqui e aguentar viver. Por ela eu me molhei até a alma, e eu via os carros passarem e pensava "livre sou eu, que estou aqui molhada". Eu já me via morta a tanto tempo, apesar de me enganar, que ontem a noite eu quase tive coragem de desaparecer, ir pra tão longe que nunca mais ninguém que me faz mal me encontraria. Eu mergulhei meu coração num anestésico tão forte que nem sentia ele bater. E foi tão bom, tão pleno, tão bonito. Pena que durou pouco e logo voltei pra casa, num ataque de euforia, cantei e gritei o que mais tinha vontade, pra me lembrar que a voz é um sinal de vida.
Hoje eu quero que tudo vá pro inferno, quero esquecer de tudo o que me prende, de tudo o que me esmaga e me fere. Eu quero ser envolvida pela mesma loucura doce que há tanto me falta. E quero me lembrar de dizer que estou viva, e me sentir feliz. E que se danem todas as regras chatas que eu mesma me empunha pra guardar o amor. Que se dane tudo o que eu acreditei ser o amor. Ontem, a chuva me fez amar a mim mesma, e esse sentimento não se compara a mais nada de bom que já tenha acontecido.
Eu sentia uma vontade de chorar tão incrível, como a vontade de jogar pra fora de mim tudo o que me fez mal. Eu acho que me cansei de tentar um equilíbrio que a mim nunca coube, e que nunca foi meu, ora, qualquer um que me conhece sabe que eu sou desequilibrada por natureza, e num sentido bom da palavra.
Eu estava toda molhada, com um frio danado, e mais feliz do que nunca, não havia nada de ruim no que eu estava fazendo, nada de errado, não na minha cabeça. E nem uma pedra no chão estava ali por acaso, cada gota da chuva que caiu estava certa, no momento certo, pra me cobrir.
E enquanto eu corria, sentia meus pés se encherem d'água, e ouvia meus passos na chuva, como sinos a me aplaudir, aplaudir a minha insana felicidade repentina!

Hoje eu não sou triste e nem feliz, e o único equilíbrio do qual preciso é o de saber a hora certa pra cada coisa, e fazer o que tem que ser feito, é apenas um jeito de ver a vida, o meu jeito, e tudo o que vem a seguir é consequência do temperamento insano de quem lhes escreve.
Ah... E bom dia, mais uma vez!                                                                    


             

Nenhum comentário:

Postar um comentário