Esta cidade já viu meus olhos inundados d'água, e me viu acreditar mais uma vez. Maris e Barros presenciou meu coração à explodir de esperança e minha janela me sabe inteira quando estou só.
O mundo sabe de nós coisas demais, enquanto talvez, saibamos muito pouco, a vida parece estar sempre nos fazendo tropeçar em nossos erros e nos dando novos motivos para olhar mais a diante, como se todas as terríveis dificuldades e os desencontros, fossem, por alguma razão, só uma parte do que é viver mesmo, aguentar é questão de sobrevivência, mas sorrir é a maior demonstração de força.
Às vezes vivo como se ainda procurasse por algo, às vezes não vivo, fico em suspenso, em sono profundo e me perco no sentido de quem quero encontrar, é um sonho torto - penso- um sonho torto.
O caminho conhecido é sempre fácil, não dá gosto, nem desgosto, é o mesmo, não importa quem por ali passe. Deve ser por isso que as ruas de Icaraí me parecem sempre diferentes, cada vez que volto se renovam, sempre me perdem, sempre me emocionam, como a alguém que busca em cada esquina uma resposta, e quase sempre chora ao encontrar, porque a resposta é como um sol, uma nuvem, uma calçada rachada, a areia da praia, uma bola de sorvete, a corrente de vento, uma frase de Chico, a minha própria história que as ruas vão me contando, e a nossa história, ao ser lembrada, muitas vezes dá vontade de chorar.
A vida é uma sequência de encontros e desencontros, quando sabemos quem queremos encontrar, muitas vezes ficamos à beira do caminho, tantas vezes esperamos tempo demais, e o tempo se vai diante da porta errada em que batemos. Há vezes, porém, em que a vida nos permite encontros felizes, coincidências, acasos que viram histórias inteiras, repletas de céus azuis e dias de chuva também, porque se vive sempre um dia de cada vez.
Sinto uma paz me tomar, os sobressaltos ficaram há algumas horas e me lembrei de que a vida é muito mais do que instantes da confusão que me causam todas as paixões ou a ausência delas. Ela me sabe de cor, em cada pequeno detalhe triste, ou cada grande esperança, ela é que me vive, por vezes? Não sei dizer, mas existo tão completamente que nada jamais faz sentido. O sentido é nunca, é agora, é sempre e sempre me perde, o sentido não existe.
Essa mensagem tem tudo a ver comigo.[Coisas da gente que a vida sabe de cor]
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