Pensei que ali eu não seria tão sozinha, ou a solidão não me perturbaria o juízo, que já anda assim tão desgastado.
Talvez eu abrisse as janelas e deixasse o dia entrar, talvez eu vivesse todos os dias. Só uma casa e o que poderia ser se eu nela pudesse entrar. Como eu a faria clara, alegre e perfumada de alecrim, compraria flores, quem sabe, para enfeitar a sala. Teria lençóis brancos e uma parede carmim. Eu diria todos os dias "eu te amo" aos pássaros ou às flores. Na verdade não importa, eu só diria, talvez para mim. Talvez eu finalmente me amasse por viver onde quis. Talvez até alguém amasse como eu a casa de tijolos, onde em frente cresce uma rosa bem vermelha, que de tão linda, ao chegar ali, antes mesmo de abrir a porta eu já teria uma razão para sorrir.
Talvez hoje eu tivesse que sair sozinha e andar devagar mesmo até dar de cara com o meu sonhado futuro lar, que de não ser como imaginei é exatamente do que preciso.
Acho que nunca soube realmente qual é o meu lugar, talvez eu nunca tenha um lugar, mas sonhei com muitos, tenho milhões de lares imaginários, milhões de afetos perdidos e ternuras ultrapassadas. Tenho até esta ideia de que algum dia serei feliz, volta e meia me pego acreditando nela, como se hoje fosse apenas a espera. Tomara que não demore...
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