sábado, 15 de junho de 2013

Estrada em linha reta

Hoje, fechando minha janela, me dei conta de que continuo aqui. Sim, apesar de tudo parecer bem, eu continuo aqui. Nada mudou tanto, de fato. Ainda não descobri o meu lugar no mundo, ou o real papel da minha ínfima existência.
Prossigo dormindo muito, perseguindo sonhos ou tentando não sonhá-los. Ainda não leio tanto quanto gostaria e sinto como se perdesse milhões de conversas interessantes por isso. Talvez as pessoas sejam apenas o que são e eu não vá ser mesmo alguém extraordinário como imaginei. Ou posso ser uma dessas pessoas que depois de morta passa a fazer algum sentido para alguém. Provavelmente alguém tão perdido quanto eu.
Estou aqui e calo de dor mais uma vez, imaginando como seria se em minhas madrugadas cheias de pesadelos eu encontrasse alguém para conversar. Às vezes sinto que em alguma conversa do passado ficou algo por dizer e eu não aprendi a olhar para trás. Parece que passamos a vida buscando uma felicidade que só existe numa fantasia louca que vai se perdendo enquanto os dias passam. Criamos objetivos, metas, modelos de comportamento, traçamos uma linha reta e a seguimos para chegar em lugar nenhum.
Eu tenho estado muito preocupada com o que espero de mim mesma. Inteligência, fuga do senso comum, habilidades especiais que me destaquem da multidão, qualquer coisa que me faça sentir menos insignificante para o resto do mundo, qualquer coisa que me faça acreditar que mereço existir para outras pessoas. Qualquer coisa que me faça sentir alguém um pouco melhor. Sempre pensei que toda a amargura de uma vida não importa se a gente é bom de verdade em alguma coisa, sempre pensei que seria uma dessas pessoas infelizes mas lembradas por algo. Pensei que faria mais que escrever qualquer coisa só porque existe um nó na minha garganta que não se desfaz. Acreditei que, ainda que todos duvidassem, afinal os meus métodos não são lá muito ortodoxos, eu seria alguém extraordinário, e algum dia publicariam os meus diários como uma fonte de desespero profundo para o mundo que se alimenta da dor alheia chamando-a de arte. Sempre pensei que seria artista. Ia cantar, escrever, fotografar coisas que ninguém mais veria, seria só eu e o mundo, de forma que coisas como as mazelas e toda hipocrisia das pessoas se tornariam um tanto irrelevantes. E aí, talvez, finalmente eu fosse feliz, ou ao menos sentiria orgulho de mim.
Mas estou aqui, escrevendo mais uma vez sobre todo vazio que me toma, esperando que um dia exista um amor, ou um lugar no mundo que me traga a paz que preciso, de ter uma certeza absurda de estar completa.

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