sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Livre


"SONHA E SERÁS LIVRE DE ESPÍRITO... LUTA E SERÁS LIVRE NA VIDA"

Che Guevara

Durante muito tempo eu acreditei que só seria feliz depois que saísse de casa, me libertasse de tantas explicações e cobranças, depois que, enfim eu pudesse tomar conta de mim mesma e prestar contas apenas a minha consciência. Bom, a verdade? Isso é sonho de criança que ainda precisa crescer um pouco mais para saber o que realmente quer da vida.
Hoje em dia eu acho que não saberia viver sozinha e nem tomar conta de mim mesma, pelo menos não antes dos 25. Eu acho mesmo que quero casar, ter filhos, família e etc. Acho que não nasci para viver sozinha.
Liberdade? Liberdade é sentir o vento do Arpoador, é sentir seu corpo tão leve a ponto de se deixar levar com a brisa que bate. Liberdade é poder mostrar que sente, que se emociona. Liberdade é poder dizer em alto e bom tom tudo aquilo que se quer.
Eu não busco a liberdade de antes, eu sei que hoje eu quero que alguém me segure e não solte mais, porque eu acredito, e de acordo com a filosofia do Pedro, aquele que é completamente desapegado e que não se prende, também está sempre caindo, já que não tem em quem se segurar, em quem se apoiar. Eu não sei ser assim, eu não sei ser sozinha, muito embora eu prefira às vezes estar sozinha a estar com pessoas que não me acrescentam nada.
Eu cheguei até aqui com muito medo, com medo de que um dia, assim, sem motivos tudo que eu acreditava desabasse. De uns três anos para cá foi isso mesmo que aconteceu. Eu perdi aquela vida de bairro-escola, aquela vida de casa, comida, roupa lavada, bolo e cuidados de avó, eu vi o meu mestre perder a sanidade e me olhar nos olhos já cheios de lágrimas, segurar minha mão e dizer: Ah Catarina, graças a deus você veio me ver! E eu encontrei ali, naqueles olhos, naquelas palavras as mesmas angustias e os mesmos medos que me cercam, eu vi nele, talvez pela primeira vez a coragem pra mostrar que também tem um coração e que também sente, como qualquer pessoa normal. Eu vi nele, o medo tão grande de estar por um fio, não o medo da morte, mas o medo de já não poder se lembrar de mim.
Eu perdi aquela vida de regras: hora para estudar, hora para ler, hora para brincar, mas sem hora para ser feliz. Foi em meio a essa impossibilidade toda da minha única procura, a felicidade, que eu me encontrei feliz por estar viva, por ter quem me protegesse e cuidasse de mim. Eu me encontrei feliz nas coisas mais simples, em ter um gato, um cachorro, em ver os pássaros cantarem, no abraço de pai, em cada 'eu te amo' verdadeiro, em saber e ter aprendido que nessa vida distância nenhuma separa um amor, e nem a morte faz a gente esquecer.
Ser livre para mim agora é de repente poder viver cada momento, não como se fosse o ultimo, eu não quero pensar no fim, mas viver e poder respirar aliviada por ser o que eu quero ser, ser como eu gosto, ser como eu sou, apenas isso. Eu não peço que aceitem, respeito a gente conquista, mas eu quero arriscar e ter sempre coragem para ir atrás do que é importante, isso é ser livre.
Eu quero me orgulhar do que sou, bater no peito e poder dizer um dia que eu fiz o que achei certo sempre, que eu fui justa, ética, honesta e o que for, que sempre agi com o coração e sem arrependimentos.
E é quando eu olho para a dona Fernanda (minha mãe) é que eu vejo a coragem que eu quero ter. Deixou a casa da mãe quando achou que deveria, batalhou o seu emprego, se engajou na política e num sindicato, e como ela mesma diz: "A gente não luta por um, luta por todos". E ela luta, luta por mim, por ela, por nós, e batalha todos os dias pela sua consciência, para fazer o que é certo. Ela sim é livre, livre de qualquer comentário que possam fazer, livre porque é dona de si mesma, paga suas contas e cuida de mim como se eu fosse realmente parte dela.
A minha liberdade ideal é assim, eu luto um pouco cada dia, eu sobrevivo e sei que sempre vai existir um dia seguinte. Ainda me falta CPF, titulo de eleitor e poder batalhar nas ruas o que eu quero, me falta escrever um livro, me falta um grande amor, mas eu sei que o que eu quiser vou lutar para conseguir, e se não conseguir tudo não vai ser porque não lutei.
Eu quero mais é areia de praia, eu quero o sol batendo na cabeça, eu quero presença, quero milhões de abraços, de beijos apaixonados, eu quero muito carinho, e eu quero um bem enorme até pra quem me quis mal.
Liberdade para mim é poder estar sempre de braços abertos para o que vier, experimentar tudo, mas saber diferenciar o certo do errado, claro. Liberdade é não guardar rancor, mágoas, é poder sempre olhar para frente, abraçar o destino, se fazer feliz. Liberdade é, enfim, poder ser louca o quanto eu quero, poder voar, sonhar, e ter um mundo só meu aqui dentro de mim.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Talvez o erro seja meu


O erro é meu. Eu acredito demais, eu acreditei em vão.
Eu insisto até hoje em acreditar no que meus pais dizem desde pequena: Seja honesta; seja verdadeira; seja leal. São esses valores que eles me passaram, e pode até ser burrice seguir tudo isso, mas eu não sei ser de outro jeito.
Eu não sou exemplo de nada, eu mal dou conta de mim mesma, é que quando eu paro para pensar eu não consigo me imaginar passando por cima de ninguém para ter o que quero, eu não me imagino conseguindo ser feliz atropelando a felicidade dos outros.
É, eu acho que talvez o meu erro seja exatamente pensar tanto nos outros, pensar muitas vezes em quem não parou por um segundo para pensar em mim, pensar tanto e querer tão bem a quem só me viu pelas costas.
Eu já não sei mais exatamente qual a lição a aprender, mas eu ainda mantenho a certeza de que cada dia é uma lição e cada obstáculo é só uma forma de nos tornar mais fortes.
É assim, a gente erra, acerta, mais erra que acerta na verdade, mas a minha força consiste nisso, em não esconder minhas fraquezas, em poder chorar sem medo e sempre saber que existe um dia seguinte, e quando esse dia amanhece tudo o que foi ontem de certa forma fica no passado.
Para mim as coisas nunca funcionaram na base do ''tudo vale'', eu acho que sofro de velhice precoce, acho que eu sempre fui meio chata como diz minha mãe, meio mal humorada, sistemática e cheia de regrinhas comigo mesma... Essas coisas com o tempo foram mudando. Sistemática e mal humorada, acho que tanto quanto papai, no fim das contas eu acho que a convivência fez isso comigo, e uma vez ele me disse que gostaria que eu não fosse amargurada como ele. Mas o que eu vejo e sempre vi não é um cara mal humorado e triste. Eu sempre vi um homem lutador, que lutou até demais, e que talvez por isso tenha se cansado de tudo um pouco, é um orgulho sim, ter uma família como a minha é para poucos. Cada gota do suor, de sangue e de lágrima eu sei que valeu a pena para chegar até aqui.
Outro dia minha mãe chegava da greve, cansada (muito cansada) e eu sabia que ela já não agüentava mais aquilo e então perguntei por que ela não parava e ela me respondeu que, se ela que é a diretora de base do sindicato não dá o exemplo não poderia se esperar atitude melhor dos outros. E eu sempre soube que ela é uma grande mulher, que soube muito bem me ensinar o que é realmente importante nesta vida, independente do que você tem, o que vale é mostrar quem você é ao menos para quem realmente se importe em enxergar.
Eu fico tão perdida em meio aos meus valores e ao que eu às vezes sinto vontade de fazer, de certa forma quando eu vejo tão de perto as pessoas me atropelarem eu sinto mesmo muita vontade de passar por cima delas como fizeram comigo. Mas é aí que eu paro, penso e percebo que eu preciso ser diferente, e que eu sei ser diferente!
É por isso que hoje, depois de comprovar uma amizade perdida e um amor jogado no lixo, depois de ver que eu realmente posso me enganar de forma absurda quanto às pessoas é que eu digo: Eu prefiro mesmo que não gostem de mim, eu prefiro que me chamem das piores coisas e que nem me olhem, porque quem realmente valer a pena vai saber que eu sou diferente, e que eu não preciso me explicar. Eu prefiro errar e dar a cara pra bater, errar e assumir, já que as conseqüências, querendo ou não serão minhas. Eu não sou perfeita, não faço discurso moralista e nem tento ser o que não sou... O meu erro talvez seja ser sincera de mais, e falar aquilo que as pessoas não querem ouvir mesmo sendo verdade.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Entregaria o meu destino



"E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude"

De uma forma não muito convencional, sem um assunto especifico, só um desabafo, porque hoje parece que eu vou explodir.
É uma sensação parecida com estar doente, fraco, indefeso, cheio de dores por todos os lados, uma febre que não passa, e de alguma forma parece que nunca vai passar, mas eu sei que um dia desses isso tudo acaba.
Foi um sonho, talvez só meu sonho mesmo, apenas mais um devaneio meu... Foi uma música, que agora já não sai da minha cabeça.
Eu fico pensando que diabos eu fiz de tão ruim para ficar nesse estado, porque ele simplesmente não olha para os lados, será que ele não seria bem mais feliz? Será que eu não posso ser a felicidade?
E já nem perguntem por mim, que eu não sei o que foi feito desta minha vida, agora ela já não me pertence, tem outro nome, outra alma, está nas mãos dele, que volta e meia é todo amor, mas que vez por outra também é descaso, ele parece não precisar de ninguém, ou então precisar de alguém que não sou eu.
Eu não sei em que labirinto eu perdi o controle do meu coração, em que momento eu sonhei que o queria tanto e agora é como se quisesse de verdade.
É besteira minha, total perda de tempo, é uma coisa maluca que me invadiu, mas que simplesmente nem faz sentido, eu ainda não sei se isso foi uma peça que o destino me pregou, se foi só um pensamento que passou e vai passar por mim sem deixar rastros... Eu sei que quando ouço aquele nome na minha própria cabeça, em eco, que faz latejar, é como se todos os meus sentidos parassem e eu me perdesse dentro de um único ser.
Ele na cabeça, eu nessa estrada, tão perdida, tão completamente perdida e sem rumo. Eu nem tive oportunidade de dizer, eu nem lembrei de perguntar pra ele, eu nem ao menos sei o que se passa naquela cabeça, é tão cheio de enigmas que quase me mata de tanto pensar!
Eu já não sinto dor, agora é como estar anestesiada, como estar com muito medo mas também com muita coragem de olhar para ele, com uma vontade do tamanho do mundo de tê-lo em meus braços nem que seja só mais uma vez.
Quem sabe seja assim, coisa de momento, paixão que bate como brisa e se vai assim rápido como veio... Quem sabe ele siga seu rumo como tantos outros, quem sabe daqui a um mês ou dois ele nem se lembre de mim. Quem sabe eu ainda o possa olhar nos olhos como olhei nos meus sonhos, e dizer: Eu quero mesmo você.
Só o tempo, e se o destino for meu amigo, me jogará em seus braços.

*ps. Nunca foi tão fácil e rápido escrever aqui, me sinto aliviada (:

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Eu não sei me fazer feliz


Sabe aquele sentimento de vazio mais profundo?
Sabe o que é ter uma vida e deixar que ela te escape das mãos?
Ultimamente têm sido sempre assim, a súbita tristeza diante da própria vida, o coração dilacerado como qualquer ilusão, e todos à minha volta só vêem meus olhos riscados de preto.
E a alma como fica? Já começo a duvidar que tudo seja uma questão de sentimento, e se existe sentimento, talvez seja melhor não sentir nada.
Minha cabeça lateja e me desespera cada vez mais, é uma dor funda que bate e volta o tempo todo, e eu já até me acostumei a conviver com ela. As coisas foram se acumulando de tal maneira que agora explodem dentro de mim.
É a casa, agora abandonada, os brinquedos de uma infância nem tão feliz, são as coisas que ficaram de mim e que já não me pertencem. Foi cada bolo de avó, cada caricia de avô, ter sentido que eu tinha quem me protegesse do mundo lá fora é que me faz agora ter tanto medo.
Eu brincava com os pássaros nas gaiolas, com a cachorra conselheira, nas férias Rio de Janeiro, olhar um céu azul, me perder no samba do meu Chico, foi descobrir assim de repente que eu fui feliz na minha própria infelicidade.
O inferno astral, os negros pensamentos que tomaram conta do meu ser, ter gostado de alguém mais que de mim mesma. Ter visto ele partir sabendo que seria para sempre. Eu queria ter dito tudo isso antes de vê-lo em seu leito, eu queria ter lhe mostrado outra saída.
Será difícil quem me vê agora imaginar quanto eu mudei. Quando criança lia "A vaca voadora" com atenção em cada detalhe, li esse livro umas quatro vezes, e de alguma forma me fazia feliz ver o amor mais simples e mais bonito descrito nele.
O meu medo é cair e não poder levantar, é ficar na beira da estrada e nunca atravessar, ficar sozinha e irremediavelmente infeliz para sempre. Ficou esse medo da solidão que tanto me aflige.