sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Eu não sei me fazer feliz


Sabe aquele sentimento de vazio mais profundo?
Sabe o que é ter uma vida e deixar que ela te escape das mãos?
Ultimamente têm sido sempre assim, a súbita tristeza diante da própria vida, o coração dilacerado como qualquer ilusão, e todos à minha volta só vêem meus olhos riscados de preto.
E a alma como fica? Já começo a duvidar que tudo seja uma questão de sentimento, e se existe sentimento, talvez seja melhor não sentir nada.
Minha cabeça lateja e me desespera cada vez mais, é uma dor funda que bate e volta o tempo todo, e eu já até me acostumei a conviver com ela. As coisas foram se acumulando de tal maneira que agora explodem dentro de mim.
É a casa, agora abandonada, os brinquedos de uma infância nem tão feliz, são as coisas que ficaram de mim e que já não me pertencem. Foi cada bolo de avó, cada caricia de avô, ter sentido que eu tinha quem me protegesse do mundo lá fora é que me faz agora ter tanto medo.
Eu brincava com os pássaros nas gaiolas, com a cachorra conselheira, nas férias Rio de Janeiro, olhar um céu azul, me perder no samba do meu Chico, foi descobrir assim de repente que eu fui feliz na minha própria infelicidade.
O inferno astral, os negros pensamentos que tomaram conta do meu ser, ter gostado de alguém mais que de mim mesma. Ter visto ele partir sabendo que seria para sempre. Eu queria ter dito tudo isso antes de vê-lo em seu leito, eu queria ter lhe mostrado outra saída.
Será difícil quem me vê agora imaginar quanto eu mudei. Quando criança lia "A vaca voadora" com atenção em cada detalhe, li esse livro umas quatro vezes, e de alguma forma me fazia feliz ver o amor mais simples e mais bonito descrito nele.
O meu medo é cair e não poder levantar, é ficar na beira da estrada e nunca atravessar, ficar sozinha e irremediavelmente infeliz para sempre. Ficou esse medo da solidão que tanto me aflige.

Um comentário:

  1. Ah, eu lembro de quando eu sentia vazio. Lembro das minhas palavras sinceras no meu diário, tão sinceras que qualquer um poderia ler.
    16.05.09
    " Eu nunca quis estar apaixonada, sempre fugi disso.
    Mas agora, quando eu finalmente consigo, a única coisa que eu consigo sentir é um vazio. Cada vez que eu penso nisso, mais opaco e escuro fica.
    Pensar que não vou sofrer por amor. Pensar que não vou mais sorrir por amor. Não saber de mais nada [...] " - do diário de minha posse (:
    Ah, eu não sei se o seu vazio era tão intenso ou mais ainda. Se eram iguais. Mas de qualquer forma, mesmo que pareça a eternidade de todos os milênios, sempre passa. Afinal, pra se dar a volta por cima, tem que se estar por baixo.
    Acho que eu poderia comentar cada linha do seu texto, responder cada pergunta - mesmo que com a resposta errada. Mas eu li a parte do medo. Uma vez também, eu escrevi uma coisa talvez meio parecida.
    01.05.09
    " Temos medo de tropeçar e cair de cara no chão e ficarmos sem forças para nos levantar. De nos afogarmos nas próprias lágrimas. "
    Acho que maio foi uma fase conturbada o.o e eu desenterrei meu diário pra escrever no seu blog D:

    Parei já. Não sei se deveria, ou se é pouco tempo demais pra se dizer isso, mas eu gosto de voce. Talvez porque como voce mesma disse, o seu eu profundo está aqui, e eu me identifico com a Corah do blog. Já disse que quando precisar de ajuda eu vou tentar te ajudar ? Já ? Ah que pena ! Vou tentar te ajudar (:

    E eu vou parar de escrever, tenho que voltar a ser mais direta e objetiva, como eu era antes.

    ResponderExcluir