sábado, 2 de janeiro de 2010

A ilusão se foi por si

Que não fique nada, nada de certo, nada mais errado.
Nada de nós dois, a ilusão se foi, vá com ela, eu peço.
Ah, mas era tão bonito, era como ter uma flor em meu jardim
Era como ter vida dentro de mim, depois de tanta morte.
Ah, como era lindo, abstrato, inexplicável, éramos poesia.
Nossa, de repente um dia, no meio da minha loucura eu te encontrei,
eu não te pedi o abrigo que precisava, eu não pedi nem esperei nada.
Ah, mas era amarga a solidão, era tão triste a escuridão.
E como assustava este andar sozinha,
como amedrontava este labirinto.
Mas como aflige agora tê-lo, se não o tenho.
Como já falha a minha voz ao gritar-te, e não ouves.
-Venha, me dê sua mão, me deixa guardar teu coração,
me ajuda a seguir, devolve o ar que roubou quando me beijou.
-Venha, siga-me por esta estrada, me deixa ir com você,
e levar você aonde eu for.
É que tu não ouves enquanto choro, posso me remoer de saudades.
Ah, mas a ilusão não é remédio, ela me tira do chão e me joga no abismo.
Se eu não posso ser sua, então não me chame assim.
Isto aqui não é um jogo, meu caro, nada aqui é brincadeira.
Eu já tenho feridas demais para entrar na sua vida,
e arriscar tudo sozinha.
Vá, que a ilusão se foi por si.
Vá, se não me quer pode seguir!
Mas se ao acaso teu coração bater por mim,
ainda que esteja muito longe, ainda que seja muito tarde,
me diz que pode ser diferente.
Eu nunca soube esperar, talvez eu não deva esperar.
Mas por ti eu correria, até onde precisasse, até onde eu aguentasse.
Eu só não vou correr sozinha.

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