Não se perturbe
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Eu te agradeço
Boa tarde, tarde boa mesmo, sem hipocrisia. Sol entrando pela janela e Paulinho da Viola ao som.
O ano está no fim e eu o passei triste, entre baixos e baixíssimos, honestamente, eu me acostumei ao infortúnio mais que ao prazer. O ano que foi para mim um enorme ponto de interrogação está indo embora e tirar dele uma lição, uma única que valha estes dias é o que eu busco. Então, hoje agradeço por não saber, e que minha dúvida me leve a conhecer outras de minhas dimensões. E se uma vez eu puder agradecer por tudo, que seja assim: Agradeço ao privilégio de ser livre num mundo com tantas amarras. Por ser quem eu escolhi e não ter de pedir licença à ninguém para isso.
Agradeço por esta maturidade chata que vem chegando de mansinho, que me mostrou que pouquíssimas pessoas de fato farão parte da minha vida, não importa com quantas eu me preocupe, por quantas eu me doe ou me doa.
Agradeço aos companheiros que tive, e ao que tenho pelo amor que me faz pulsar, porque sou movida à paixão, embora não seja mais tanto de romances, obrigada pelos momentos de plenitude emocional que me proporcionaram.
Agradeço aos amigos que me estenderam a mão, que me tocaram com seus gestos nobres, que me amaram e me odiaram com a intensidade de que eu preciso. Estendo também aos que não me conheceram ou não gostaram de mim porque eu tenho sardas e nariz de gente metida, fora a cara de desaforada! Bom, pelo que quer que seja, hoje eu me desculpo.
Agradeço por este refresco fraco e cor de rosa totalmente batizado, e por existir o samba para salvar as quartas à tarde.
Agradeço à família que não escolhi, cheia de gente louca, o que confirma que não nego a raça, gente linda e generosa, porque generosidade devia chamar Rosa...
Agradeço ao ano que começou numa madrugada maravilhosa no Pará, mas que eu soube desde o início que seria uma confusão enorme para administrar. No fim das contas não me saí tão mal. Continuo acreditando que todo dia dá pra melhorar e que ser melhor não tem a ver com não se sujar, ou ser capaz de racionalizar erros e não cometê-los. Acredito que somos bons quando sensíveis ao problema alheio, quando começamos a não julgar e ferir as pessoas, mas também quando não nos calamos se as ferem. Que seja hoje um recomeço, assim como foi o ano inteiro, uma chance, um momento em que tudo e nada se concentrem em nossas possibilidades.
domingo, 24 de agosto de 2014
Fora de órbita
"Órbita é a trajetória que um corpo percorre ao redor do outro sob a influência de alguma força."
A real descrição da minha existência em um parágrafo. Sou de forma tão simples quanto esta frase, por um instante ponho de lado minhas lamurias, que não passam de manias. Venho me tornando alguém realmente muito mais fácil e terrivelmente desagradável. Já não tenho mais paciência para discussões, da mesma forma que não tenho para ser simpática ao pensamento alheio. No fundo eu detesto o ser humano e isto fica claro cada vez que me recuso a uma explicação de meus pensamentos. Escrevo para mim, porque sou egoísta. Tenho plena consciência de que as pessoas com que convivo não entenderiam o que está aqui, porque é justamente a forma simples como eu não gosto das pessoas o que incomoda. Mas hoje eu venho tentar algo novo, escrever para alguém que nem mesmo é alguém, de forma que tudo aqui registrado é para ninguém.
Sabe, eu tenho sofrido de uma fraqueza horrível, uma impotência absoluta sobre mim mesma, sobre o meu corpo que não me obedece sempre que imploro que pare de me maltratar. Honestamente eu nunca tinha sentido um desconforto assim, tanto que me assustou pela primeira vez a ideia de estar morrendo. Não posso dizer que esta seja a pior parte, porque depois vem o mundo te devorando e você vivendo já pra morrer. Queria dizer que é diferente mas amanhã posso cair em contradição, seria apenas mais uma das mentiras que contamos para sobreviver. O que eu sei é que mesmo distante das certezas te escrevo creditando no que fiz e faço todos os dias para ser um ser humano melhor, ou ao menos livre. Carrego comigo as marcas dos tropeços, mas quem nunca caiu? Estou me erguendo desta vez muito mais forte, mais sã, e espero que um dia nos encontremos por aí. Quanto a mim, não permaneço, pela primeira vez na vida sinto que estou saindo de meu lugar cativo para conquistar um outro ainda não desvendado, mas que aguardo ansiosa por descobrir. Quem disse que a morte, as enfermidades e tantas outras mazelas não proporcionam um recomeço, ainda não sabe o que é renascer.
Obrigada a você por não ser você e por me permitir uma autocompreensão tão profunda. E obrigada também a você que é você, o homem que amo, por jamais me deixar cair sozinha.
A real descrição da minha existência em um parágrafo. Sou de forma tão simples quanto esta frase, por um instante ponho de lado minhas lamurias, que não passam de manias. Venho me tornando alguém realmente muito mais fácil e terrivelmente desagradável. Já não tenho mais paciência para discussões, da mesma forma que não tenho para ser simpática ao pensamento alheio. No fundo eu detesto o ser humano e isto fica claro cada vez que me recuso a uma explicação de meus pensamentos. Escrevo para mim, porque sou egoísta. Tenho plena consciência de que as pessoas com que convivo não entenderiam o que está aqui, porque é justamente a forma simples como eu não gosto das pessoas o que incomoda. Mas hoje eu venho tentar algo novo, escrever para alguém que nem mesmo é alguém, de forma que tudo aqui registrado é para ninguém.
Sabe, eu tenho sofrido de uma fraqueza horrível, uma impotência absoluta sobre mim mesma, sobre o meu corpo que não me obedece sempre que imploro que pare de me maltratar. Honestamente eu nunca tinha sentido um desconforto assim, tanto que me assustou pela primeira vez a ideia de estar morrendo. Não posso dizer que esta seja a pior parte, porque depois vem o mundo te devorando e você vivendo já pra morrer. Queria dizer que é diferente mas amanhã posso cair em contradição, seria apenas mais uma das mentiras que contamos para sobreviver. O que eu sei é que mesmo distante das certezas te escrevo creditando no que fiz e faço todos os dias para ser um ser humano melhor, ou ao menos livre. Carrego comigo as marcas dos tropeços, mas quem nunca caiu? Estou me erguendo desta vez muito mais forte, mais sã, e espero que um dia nos encontremos por aí. Quanto a mim, não permaneço, pela primeira vez na vida sinto que estou saindo de meu lugar cativo para conquistar um outro ainda não desvendado, mas que aguardo ansiosa por descobrir. Quem disse que a morte, as enfermidades e tantas outras mazelas não proporcionam um recomeço, ainda não sabe o que é renascer.
Obrigada a você por não ser você e por me permitir uma autocompreensão tão profunda. E obrigada também a você que é você, o homem que amo, por jamais me deixar cair sozinha.
sábado, 26 de julho de 2014
O dia que não terminou
"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."
Algo aconteceu aqui onde as lágrimas haviam secado. Dizer
que os questionamentos quase dilacerantes que me tenho feito não são a razão de
minha loucura seria mentira, porque o nó na garganta junto ao medo de estar
perdida, ou melhor, a certeza de que mesmo sabendo onde estava, dali não
chegaria a lugar nenhum, me fizeram sentir aquele dia diferente dos outros.
Andei sem olhar para trás e parei logo em frente certa de que ninguém me veria,
que ninguém jamais poderia imaginar a humilhação que sentia. Eu escolhi estar
ali, naquela manhã fria, completamente só, com as ilusões partidas ao meio e
caindo enquanto tentava me equilibrar, e por mais invisível que quisesse me
sentir, ao final é sempre a mesma visão cruel de mim mesma: Acreditando que era
melhor que a pessoa que fugiu no dia anterior, e que talvez, só uma vez,
estivesse certa em pensar que poderia não me ferir, nem ferir a ninguém.
Mesmo agora, me olhando no espelho e reconhecendo meu rosto
pálido, sabendo que sou eu, que são meus olhos desesperados e minha boca seca
de tanto gritar, morrendo mais um pouco,
mais um dia, não sei o que fazer. Eu só ouço os relógios andando e eu querendo
parar, parar de ser eu. talvez porque seja difícil conviver comigo mesma, ou
simplesmente porque sou o maior fracasso que conheço, por viver pedindo
desculpa por meus privilégios, ou por nunca ter sabido amar inteira e sem medo
como sempre esperei dos outros. Mas a verdade, aquela que dói mais que posso
suportar, é que o único amor que sempre quis, que poderia ter mudado as coisas,
eu nunca vou ter, porque sou apenas esta lista de erros incompreensíveis, ou
porque eu o queira demais.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
A mulher autoanálise, autoajuda, acorrentada aos próprios delírios. Esta sou eu, aqui mais uma vez.
Talento desperdiçado, me perdi na fumaça de meu cigarro, não sei mais escrever sem o meu cigarro. E agora?
Um fio de esperança me toma às vezes e eu chego a crer que de algo vale a minha forma de ver as coisas. "Não machuque. Não condene. Esteja lá porque certamente alguém vai precisar." Hoje não sei se alguém precisa de algo além do salário suado do fim do mês, depois de engolir ser explorado e achar normal porque o mundo é assim, é assim que funciona. Não sei se meus amigos me esqueceram ou se suas vidas os tem engolido de forma tão brutal que meu ócio indevido não me permite enxergar.
Meus dias têm sido de vagarosas tempestades, do começo ao fim de meus objetivos e desejos mais profundos existe uma carga de incompreensão maior e mais pesada que eu, ainda assim prossigo acreditando que sou quem quero ser, num esforço extraordinário de viver neste mundo.
Parece besteira,mas como diabos a bola verdeamarela ficou mais importante que um teto que proteja as pessoas do frio? Os anos que existo não são nada perto das vidas desperdiçadas há séculos por uma humanidade falida e falha, onde as coisas importam mais que as pessoas e a solidão não cabe mais nos livros, existe nas companhias, como uma mostra cruel e dolorosa de onde vamos chegar.
Talvez seja esta a ultima vez que escrevo em desabafo, haja visto o quanto demorei para dar forma às palavras, então, se você quer saber como é ser alguém que não se encaixa em lugar algum, venha me conhecer e eu mostro como é viver carregando o fardo de não existir completamente, porque minha história foi ganhando forma pela falta dela.
Talento desperdiçado, me perdi na fumaça de meu cigarro, não sei mais escrever sem o meu cigarro. E agora?
Um fio de esperança me toma às vezes e eu chego a crer que de algo vale a minha forma de ver as coisas. "Não machuque. Não condene. Esteja lá porque certamente alguém vai precisar." Hoje não sei se alguém precisa de algo além do salário suado do fim do mês, depois de engolir ser explorado e achar normal porque o mundo é assim, é assim que funciona. Não sei se meus amigos me esqueceram ou se suas vidas os tem engolido de forma tão brutal que meu ócio indevido não me permite enxergar.
Meus dias têm sido de vagarosas tempestades, do começo ao fim de meus objetivos e desejos mais profundos existe uma carga de incompreensão maior e mais pesada que eu, ainda assim prossigo acreditando que sou quem quero ser, num esforço extraordinário de viver neste mundo.
Parece besteira,mas como diabos a bola verdeamarela ficou mais importante que um teto que proteja as pessoas do frio? Os anos que existo não são nada perto das vidas desperdiçadas há séculos por uma humanidade falida e falha, onde as coisas importam mais que as pessoas e a solidão não cabe mais nos livros, existe nas companhias, como uma mostra cruel e dolorosa de onde vamos chegar.
Talvez seja esta a ultima vez que escrevo em desabafo, haja visto o quanto demorei para dar forma às palavras, então, se você quer saber como é ser alguém que não se encaixa em lugar algum, venha me conhecer e eu mostro como é viver carregando o fardo de não existir completamente, porque minha história foi ganhando forma pela falta dela.
sexta-feira, 16 de maio de 2014
"Entre a fidelidade e a liberdade, haverá uma conciliação possível? A que preço?"
Disse Beauvoir...
Não sei de que forma sustentar minhas vontades, meus impulsos... Não sei o que faço se tudo o que sou é tão alheio aos outros. Loucura como eu tinha medo de crescer e no entanto tenho me lançado ao mundo de forma tão brutal.
O amor é um terrível engano, eu creio, destes que nos fazem perder a cabeça e todas as certezas já por nós cristalizadas. Imaginei um tempo certo, um dia de sol, uma brisa leve e todas estas besteiras que lemos nos livros, particularmente eu que sempre gostei dos romances, e todo aquele amor capaz de tudo, que dura, honesto e limpo. Mas como o ideal é falho, como somos seres falhos, como o amor foge ao controle e ainda pensamos ser fortes, sendo tão frágeis. O tempo passa e por vezes parece andar para trás, como confuso, perdido. E eu? Pobre de mim, presa aos dias.
Disse Beauvoir...
Não sei de que forma sustentar minhas vontades, meus impulsos... Não sei o que faço se tudo o que sou é tão alheio aos outros. Loucura como eu tinha medo de crescer e no entanto tenho me lançado ao mundo de forma tão brutal.
O amor é um terrível engano, eu creio, destes que nos fazem perder a cabeça e todas as certezas já por nós cristalizadas. Imaginei um tempo certo, um dia de sol, uma brisa leve e todas estas besteiras que lemos nos livros, particularmente eu que sempre gostei dos romances, e todo aquele amor capaz de tudo, que dura, honesto e limpo. Mas como o ideal é falho, como somos seres falhos, como o amor foge ao controle e ainda pensamos ser fortes, sendo tão frágeis. O tempo passa e por vezes parece andar para trás, como confuso, perdido. E eu? Pobre de mim, presa aos dias.
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
A peça sem encaixe
Muito hesitei antes de escrever sobre este novo momento. Hesitei porque tudo tem mudado tão drasticamente que se torna difícil por as ideias em ordem. Pra começar eu fiz planos, tantos planos de como seria daqui por diante, me imaginei uma pessoa melhor, menos só, menos vazia ou perdida, me imaginei até encontrando um lugar seguro para chamar de casa. Imaginei que seria a melhor escritora que pudesse, ainda que não fosse o suficiente para me tornar feliz. Imaginei que o amor finalmente seria leve e bom como se tudo fosse se encaixar simplesmente porque me tornei uma pessoa melhor. Por fim concluí que por mais que eu faça, nada nunca vai se encaixar, com certeza não sou uma peça de quebra-cabeças, não sou perfeita em absolutamente nada, nem ao menos me encontro neste mundo de concreto e solidão. Tenho pensado demasiadamente em quem gostaria de ser durante toda a minha vida, e hoje não sei quem sou. Ou agrado, ou desagrado, sou ser complexo, repleto de arroubos. Sou excêntrica sim, expansiva demais. Dizem que eu deveria me controlar, não me expor, dizem, dizem tanto, mas se não sei responder quem sou, como posso dizer que me exponho demais? Por que demais? Para quem, demais? Talvez a minha menina interior seja tão ingenua e incapaz de enxergar o mal, que simplesmente age como quer, sem pensar no que vão dizer, sim, ajo por impulso, faço tudo o que quero e aquilo que não quero também, sem querer, mas o mundo é tão cruel e ele te atira pedras o tempo inteiro, por mais que eu fuja delas, eu não sei me esconder, talvez esta seja eu, uma pessoa que não sabe se esconder.
No mais, tudo vai bem, têm feito calor, tenho estado alegre, ansiosa, triste, confusa, um turbilhão, e ainda não me encontrei. Mas se por um segundo quem me lê possa enxergar que na vida nós damos demais com o rosto no concreto e que às vezes uma palavra amiga é o que cura as feridas ao invés das pedras que nos habituamos a jogar contra os outros, ah, se então se dessem conta de que o amor é tão simples e fácil e nós podemos dá-lo de graça e que isso nos torna melhores que somos, então valeu à pena voltar a escrever.
No mais, tudo vai bem, têm feito calor, tenho estado alegre, ansiosa, triste, confusa, um turbilhão, e ainda não me encontrei. Mas se por um segundo quem me lê possa enxergar que na vida nós damos demais com o rosto no concreto e que às vezes uma palavra amiga é o que cura as feridas ao invés das pedras que nos habituamos a jogar contra os outros, ah, se então se dessem conta de que o amor é tão simples e fácil e nós podemos dá-lo de graça e que isso nos torna melhores que somos, então valeu à pena voltar a escrever.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Uma Catarina nova e melhorada
Às vezes nada podemos fazer além de deixar que a onda venha. Enquanto ela está chegando já sentimos tremores e o medo de não aguentar, então ela bate violentamente contra nosso corpo e depois da confusão não resta nada, nada além de impotência, é o silêncio perturbador do "e agora?", a solidão indefesa e frágil.
Quando acaba e ainda respiramos é como se tudo tivesse recomeçado, esta vida, que no início se parece muito com uma tontura, logo ganha forma e força, mas nunca mais será como antes.
Hoje renasço, tonta, ainda perdida, vivo a balbuciar coisas sem sentido, procurando as palavras certas, o lugar certo, a esperança nos dias frios. Parece bobagem, mas nós sempre encontramos uma maneira de recomeçar, nos preocupamos tanto com soluções para tudo, sem perceber que de um jeito ou de outro a vida sempre se encarrega de nos dar as respostas, os caminhos estão diante de nós e por vezes são eles que nos escolhem, hoje eu sinto que o caminho certo me escolheu, e toda tempestade há de passar.
Quando vivemos em suspenso alguma hora a vida sacode tudo e nos acorda, pode ser brusco, pode ser feio, pode ser complicado para alguém que sempre viveu o fim que justificou o meio, um alguém desastrado como eu. Fui feita de olhos e boca infinitamente perdidos no espaço, ainda que muito doces, além disso tem as pernas, braços, colo, seios, ventre, tudo que tem uma mulher, e todo pulsar descontrolado, desajustado, vibrante e forte. Sim, sou forte, muito mais do que suponho, ou do que alguém imagina. Me sinto tirada da morte, todos os dias são um recomeço, estou sempre a fazer o meu caminho.
Então eu sou inteira à flor da pele, minhas mãos são desastradas e vivo a agonia de existir, talvez por ser fruto de uma relação feita para findar, mas de alguma forma, por alguma razão, sei que valho à pena, que tem algo em mim que é lindo e leve, e o que não é, ah, eu penso nisso amanhã...
Então eu sou inteira à flor da pele, minhas mãos são desastradas e vivo a agonia de existir, talvez por ser fruto de uma relação feita para findar, mas de alguma forma, por alguma razão, sei que valho à pena, que tem algo em mim que é lindo e leve, e o que não é, ah, eu penso nisso amanhã...
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Bomba relógio
Sempre prestes a causar um desastre. Estar ao meu lado certamente não é seguro. Uma surpresa, inesperada, brutal, sim ou não, do céu ao inferno em um segundo. Ou adora-se ou odeia-se, comigo é sempre assim. Não sou uma pessoa fácil de se amar, de se ter por perto, há muitos caminhos tortuosos por que passei e talvez eu tenha me acostumado. Gosto da amargura, sou maluca, nenhum sentimento meu é o que todo mundo espera, nenhuma das minhas ações são o que querem de mim. Estar sozinha é sempre estranho, ainda que esta seja uma condição imposta a qualquer um, para mim é estranho, conviver comigo mesma me cansa e não é a minha melhor relação.
Porém, vez por outra me arrisco algo mais, algo novo, diferente, bom. Este algo é o amor, que é bonito e feliz mesmo diante de todas as impossibilidades, quando sinto é por inteiro, nada mais importa. Meus arroubos são só parte de mim, Deus, se eu pudesse ser diferente, eu o seria. Mas tenho notado que algumas coisas estão em nossas mãos, não o amor, esta coisa que acontece por ele próprio e não nos deixa escapatória, mas o que fazemos dele, como fazemos para merecê-lo.
Não sou qualquer pessoa dada à normalidade, eu sei, mas o meu amor é o que de maior eu posso oferecer, o amor pelo que leio, por cada palavra que escrevo ou dedico, pelo céu azul e os dias de sol, por Icaraí no verão, pelas músicas, até estas que ainda hei de escutar, e principalmente por alguém capaz de me tomar inteira e me fazer sentir radiante com um olhar. Esta, senhores, é a mais rara mostra de que o mundo vale à pena, e nós não o desfrutamos como ele se dá, com intensidade a cada segundo. Eu vivo a espera de um ser que não conheço, perfeição, nome doce e amargo de tragar, busco tê-la pois de imperfeita me basto, mas curioso como ela foge, sempre distante, e eu perco o controle e vivo para o sentido oposto. Então conheci ser mais próximo do que considero a perfeição, e tudo clareou, num instante eu era outra, tão completa que nem coube em mim. Sei que trago um coração complicado, milhares de dores incuráveis e muitas amarguras, mas ele tira de mim toda esta dor com um sorriso. Queria tê-lo dito, mas não dizemos muitas coisas porque esquecemos que a palavra foi feita para falar. Sou o ser mais falho que conheço, completamente humana, completamente torta, mas do chão nunca passo, e um dia eu me acerto.
Não sou eu grande filosofa, ou grande qualquer coisa, sou pequena, aliás, mas não posso me furtar o desejo de externar que o nosso amor, quando é sincero, grandioso e bom, vale cada rusga, cada pedra no caminho ou no sapato, cada olhar de revolta e logo de mágoa, enquanto existir um amor capaz de superá-los, existirá a perfeição.
Porém, vez por outra me arrisco algo mais, algo novo, diferente, bom. Este algo é o amor, que é bonito e feliz mesmo diante de todas as impossibilidades, quando sinto é por inteiro, nada mais importa. Meus arroubos são só parte de mim, Deus, se eu pudesse ser diferente, eu o seria. Mas tenho notado que algumas coisas estão em nossas mãos, não o amor, esta coisa que acontece por ele próprio e não nos deixa escapatória, mas o que fazemos dele, como fazemos para merecê-lo.
Não sou qualquer pessoa dada à normalidade, eu sei, mas o meu amor é o que de maior eu posso oferecer, o amor pelo que leio, por cada palavra que escrevo ou dedico, pelo céu azul e os dias de sol, por Icaraí no verão, pelas músicas, até estas que ainda hei de escutar, e principalmente por alguém capaz de me tomar inteira e me fazer sentir radiante com um olhar. Esta, senhores, é a mais rara mostra de que o mundo vale à pena, e nós não o desfrutamos como ele se dá, com intensidade a cada segundo. Eu vivo a espera de um ser que não conheço, perfeição, nome doce e amargo de tragar, busco tê-la pois de imperfeita me basto, mas curioso como ela foge, sempre distante, e eu perco o controle e vivo para o sentido oposto. Então conheci ser mais próximo do que considero a perfeição, e tudo clareou, num instante eu era outra, tão completa que nem coube em mim. Sei que trago um coração complicado, milhares de dores incuráveis e muitas amarguras, mas ele tira de mim toda esta dor com um sorriso. Queria tê-lo dito, mas não dizemos muitas coisas porque esquecemos que a palavra foi feita para falar. Sou o ser mais falho que conheço, completamente humana, completamente torta, mas do chão nunca passo, e um dia eu me acerto.
Não sou eu grande filosofa, ou grande qualquer coisa, sou pequena, aliás, mas não posso me furtar o desejo de externar que o nosso amor, quando é sincero, grandioso e bom, vale cada rusga, cada pedra no caminho ou no sapato, cada olhar de revolta e logo de mágoa, enquanto existir um amor capaz de superá-los, existirá a perfeição.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
O belo é generoso
Tento racionalizar o que nem ao menos posso entender. O amor é um doce tormento, não há um que não nos mate um pouco e que do mesmo modo nos faça respirar, sentir tudo pulsar. Incrível mas a minha maior alegria é também o meu grande e patético sofrimento, sofrimento de simplesmente não ser como eu queria, não dizer o que eu queria, e sempre fazer o que não queria. Quando vejo é como um lapso tardio, e tudo fica vazio e sem sentido, como se cada palavra saísse sem que eu a dissesse.
Agora estar perto ou estar longe dá no mesmo, como se o espaço não existisse e não houvesse distância física, o que corrói minha mente é todo espaço dentro de mim, toda solidão que há nele. Vejo a minha vida e nem posso crer que tudo que sonhei encontrar eu perdi. Há uma esperança destas terríveis que não nos deixa sair do lugar, há uma louca vontade de ir embora sem ter para onde, estou como numa prisão.
Cada sorriso me custa, às vezes fica difícil até respirar, roubaram meu ar. Gostaria de contar uma história diferente, uma cheia de cama, chocolate, beijo, abraço apertado, sonho compartilhado, verso entregue, carta dedicada com amor, que fosse capaz de dizer tudo o que tenho de bom dentro de mim. Esta história é sempre tão breve e tão rara, ela acontece tão depressa e o que vem depois é que dura uma eternidade.
No entanto quando eu puder sonhar novamente, e o calendário tiver virado todas as folhas e as páginas da minha história, este livro amargo e difícil de tragar, sei que só vai me restar uma lembrança e aprender a deixá-la para trás será a minha lição. Talvez então eu aprenda a ser generosa, falar das tristezas dos outros além das minhas e sacrificar o que me é tão valioso pelo bem do outro sem sentir tanta aflição. Peço para que os dias me ensinem a fazer belo o ato de amar, a transformar toda ausência numa presença, a querer com os olhos e não com as mãos, admirar sem desejar que seja meu, porque nós não temos nada de nosso. Desejo aprender a ser mulher leve como pluma e constante como o ar, que de não estar em lugar nenhum, de ser intocável é o que nos permite encher o peito de esperança. Desejo ser esta esperança para alguém, e ser aquela que vai mudar a vida de quem, não sei. Para que a minha existência se torne ao menos um pouco útil, para que eu possa sentir que fiz o bem e mereço a alegria simples de estar em paz.
Agora estar perto ou estar longe dá no mesmo, como se o espaço não existisse e não houvesse distância física, o que corrói minha mente é todo espaço dentro de mim, toda solidão que há nele. Vejo a minha vida e nem posso crer que tudo que sonhei encontrar eu perdi. Há uma esperança destas terríveis que não nos deixa sair do lugar, há uma louca vontade de ir embora sem ter para onde, estou como numa prisão.
Cada sorriso me custa, às vezes fica difícil até respirar, roubaram meu ar. Gostaria de contar uma história diferente, uma cheia de cama, chocolate, beijo, abraço apertado, sonho compartilhado, verso entregue, carta dedicada com amor, que fosse capaz de dizer tudo o que tenho de bom dentro de mim. Esta história é sempre tão breve e tão rara, ela acontece tão depressa e o que vem depois é que dura uma eternidade.
No entanto quando eu puder sonhar novamente, e o calendário tiver virado todas as folhas e as páginas da minha história, este livro amargo e difícil de tragar, sei que só vai me restar uma lembrança e aprender a deixá-la para trás será a minha lição. Talvez então eu aprenda a ser generosa, falar das tristezas dos outros além das minhas e sacrificar o que me é tão valioso pelo bem do outro sem sentir tanta aflição. Peço para que os dias me ensinem a fazer belo o ato de amar, a transformar toda ausência numa presença, a querer com os olhos e não com as mãos, admirar sem desejar que seja meu, porque nós não temos nada de nosso. Desejo aprender a ser mulher leve como pluma e constante como o ar, que de não estar em lugar nenhum, de ser intocável é o que nos permite encher o peito de esperança. Desejo ser esta esperança para alguém, e ser aquela que vai mudar a vida de quem, não sei. Para que a minha existência se torne ao menos um pouco útil, para que eu possa sentir que fiz o bem e mereço a alegria simples de estar em paz.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
A solução não existe
O que se faz ao acordar emaranhada em dor? Como se desprender de uma tristeza funda e irremediável? É preciso entender que novos dias virão e com eles novas dores e novas curas. É preciso adormecer, não lembrar, se perder.
Chega uma hora em que a gente já disse tudo que tinha para ser dito, embora permaneça um nó na garganta, destes incansáveis, que parecem nunca se desfazer. Tem horas em que de nada adianta procurar uma solução, o jeito é seguir e esperar que ela se apresente durante o caminho. Hoje eu não preciso pensar, escrever, afirmar, simplesmente sei que há uma razão para que tudo se faça tão desolador, a ausência de esperança às vezes não nos permite enxergar que toda lágrima seca com o tempo, tão natural quanto respirar, e que todo vazio uma hora é preenchido, ainda que demore.
Não ter duvidas, acreditar até o fim num destino que inventamos pode ter um trágico final, mas não acreditar no que se vive e se quer viver é também matar o que há de puro em cada sentimento.
Carrego comigo apenas cicatrizes, que doem às vezes e vão diminuindo a cada dia, se a amargura é característica irremediável, não sei, mas acredito num dia em que tudo há de ser paz, e eu não seja mais apenas dor.
Hoje é só mais um dia.
Chega uma hora em que a gente já disse tudo que tinha para ser dito, embora permaneça um nó na garganta, destes incansáveis, que parecem nunca se desfazer. Tem horas em que de nada adianta procurar uma solução, o jeito é seguir e esperar que ela se apresente durante o caminho. Hoje eu não preciso pensar, escrever, afirmar, simplesmente sei que há uma razão para que tudo se faça tão desolador, a ausência de esperança às vezes não nos permite enxergar que toda lágrima seca com o tempo, tão natural quanto respirar, e que todo vazio uma hora é preenchido, ainda que demore.
Não ter duvidas, acreditar até o fim num destino que inventamos pode ter um trágico final, mas não acreditar no que se vive e se quer viver é também matar o que há de puro em cada sentimento.
Carrego comigo apenas cicatrizes, que doem às vezes e vão diminuindo a cada dia, se a amargura é característica irremediável, não sei, mas acredito num dia em que tudo há de ser paz, e eu não seja mais apenas dor.
Hoje é só mais um dia.
sábado, 15 de junho de 2013
Estrada em linha reta
Hoje, fechando minha janela, me dei conta de que continuo aqui. Sim, apesar de tudo parecer bem, eu continuo aqui. Nada mudou tanto, de fato. Ainda não descobri o meu lugar no mundo, ou o real papel da minha ínfima existência.
Prossigo dormindo muito, perseguindo sonhos ou tentando não sonhá-los. Ainda não leio tanto quanto gostaria e sinto como se perdesse milhões de conversas interessantes por isso. Talvez as pessoas sejam apenas o que são e eu não vá ser mesmo alguém extraordinário como imaginei. Ou posso ser uma dessas pessoas que depois de morta passa a fazer algum sentido para alguém. Provavelmente alguém tão perdido quanto eu.
Estou aqui e calo de dor mais uma vez, imaginando como seria se em minhas madrugadas cheias de pesadelos eu encontrasse alguém para conversar. Às vezes sinto que em alguma conversa do passado ficou algo por dizer e eu não aprendi a olhar para trás. Parece que passamos a vida buscando uma felicidade que só existe numa fantasia louca que vai se perdendo enquanto os dias passam. Criamos objetivos, metas, modelos de comportamento, traçamos uma linha reta e a seguimos para chegar em lugar nenhum.
Eu tenho estado muito preocupada com o que espero de mim mesma. Inteligência, fuga do senso comum, habilidades especiais que me destaquem da multidão, qualquer coisa que me faça sentir menos insignificante para o resto do mundo, qualquer coisa que me faça acreditar que mereço existir para outras pessoas. Qualquer coisa que me faça sentir alguém um pouco melhor. Sempre pensei que toda a amargura de uma vida não importa se a gente é bom de verdade em alguma coisa, sempre pensei que seria uma dessas pessoas infelizes mas lembradas por algo. Pensei que faria mais que escrever qualquer coisa só porque existe um nó na minha garganta que não se desfaz. Acreditei que, ainda que todos duvidassem, afinal os meus métodos não são lá muito ortodoxos, eu seria alguém extraordinário, e algum dia publicariam os meus diários como uma fonte de desespero profundo para o mundo que se alimenta da dor alheia chamando-a de arte. Sempre pensei que seria artista. Ia cantar, escrever, fotografar coisas que ninguém mais veria, seria só eu e o mundo, de forma que coisas como as mazelas e toda hipocrisia das pessoas se tornariam um tanto irrelevantes. E aí, talvez, finalmente eu fosse feliz, ou ao menos sentiria orgulho de mim.
Mas estou aqui, escrevendo mais uma vez sobre todo vazio que me toma, esperando que um dia exista um amor, ou um lugar no mundo que me traga a paz que preciso, de ter uma certeza absurda de estar completa.
Prossigo dormindo muito, perseguindo sonhos ou tentando não sonhá-los. Ainda não leio tanto quanto gostaria e sinto como se perdesse milhões de conversas interessantes por isso. Talvez as pessoas sejam apenas o que são e eu não vá ser mesmo alguém extraordinário como imaginei. Ou posso ser uma dessas pessoas que depois de morta passa a fazer algum sentido para alguém. Provavelmente alguém tão perdido quanto eu.
Estou aqui e calo de dor mais uma vez, imaginando como seria se em minhas madrugadas cheias de pesadelos eu encontrasse alguém para conversar. Às vezes sinto que em alguma conversa do passado ficou algo por dizer e eu não aprendi a olhar para trás. Parece que passamos a vida buscando uma felicidade que só existe numa fantasia louca que vai se perdendo enquanto os dias passam. Criamos objetivos, metas, modelos de comportamento, traçamos uma linha reta e a seguimos para chegar em lugar nenhum.
Eu tenho estado muito preocupada com o que espero de mim mesma. Inteligência, fuga do senso comum, habilidades especiais que me destaquem da multidão, qualquer coisa que me faça sentir menos insignificante para o resto do mundo, qualquer coisa que me faça acreditar que mereço existir para outras pessoas. Qualquer coisa que me faça sentir alguém um pouco melhor. Sempre pensei que toda a amargura de uma vida não importa se a gente é bom de verdade em alguma coisa, sempre pensei que seria uma dessas pessoas infelizes mas lembradas por algo. Pensei que faria mais que escrever qualquer coisa só porque existe um nó na minha garganta que não se desfaz. Acreditei que, ainda que todos duvidassem, afinal os meus métodos não são lá muito ortodoxos, eu seria alguém extraordinário, e algum dia publicariam os meus diários como uma fonte de desespero profundo para o mundo que se alimenta da dor alheia chamando-a de arte. Sempre pensei que seria artista. Ia cantar, escrever, fotografar coisas que ninguém mais veria, seria só eu e o mundo, de forma que coisas como as mazelas e toda hipocrisia das pessoas se tornariam um tanto irrelevantes. E aí, talvez, finalmente eu fosse feliz, ou ao menos sentiria orgulho de mim.
Mas estou aqui, escrevendo mais uma vez sobre todo vazio que me toma, esperando que um dia exista um amor, ou um lugar no mundo que me traga a paz que preciso, de ter uma certeza absurda de estar completa.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
"A utopia é urgente"
Este é um daqueles momentos em que a renovação se instaurou. Eu sempre passo por tempos difíceis durante as grandes transições da minha vida, mas sinto que esta foi a mais feliz. Não mais simples, nem mais fácil, mas com certeza a mais feliz. Sinto que estou onde devo estar, fazendo o que quero fazer e sendo quem eu sou. Sinto também que estou amando quem eu nasci para amar, vivendo uma dessas relações extraordinárias onde a gente simplesmente sabe que encontrou a pessoa mais compatível possível conosco, utopia total! Como eu ser feliz.
Lembro-me de estar sentada no chão com ele olhando pra mim e me conhecendo pela primeira vez. Lembro dele beijando minha mão por algo bobo que eu disse. Lembro do beijo que ele me roubou no meio da mais longa fala da minha vida. Que bom que ele me parou! Lembro de ontem quando me abraçou e disse que adorava dormir ao meu lado, como se não estivéssemos dormindo juntos há mais de seis meses (desde que nos conhecemos realmente não desgrudamos). Parecia mais a primeira vez que ele dizia que me amava. Como eu amo o seu sorriso, o mais lindo que já vi, e como ele me olha e me enxerga como sou. Como temos um ao outro em cumplicidade total e como temos em comum.
Lembro-me de estar sentada no chão com ele olhando pra mim e me conhecendo pela primeira vez. Lembro dele beijando minha mão por algo bobo que eu disse. Lembro do beijo que ele me roubou no meio da mais longa fala da minha vida. Que bom que ele me parou! Lembro de ontem quando me abraçou e disse que adorava dormir ao meu lado, como se não estivéssemos dormindo juntos há mais de seis meses (desde que nos conhecemos realmente não desgrudamos). Parecia mais a primeira vez que ele dizia que me amava. Como eu amo o seu sorriso, o mais lindo que já vi, e como ele me olha e me enxerga como sou. Como temos um ao outro em cumplicidade total e como temos em comum.
terça-feira, 30 de abril de 2013
A casa que eu vou morar
Toda feita de tijolos. Há uma rampa curva na entrada e uma roseira bem em frente. Da varanda entreaberta do andar de cima, vê-se um lustre um pouco antigo, como um que havia na casa de minha tia e já não se encontra mais. A luz amarela me pareceu tão cálida que me fez querer entrar, dormir, morar ali, morrer ali.
Pensei que ali eu não seria tão sozinha, ou a solidão não me perturbaria o juízo, que já anda assim tão desgastado.
Talvez eu abrisse as janelas e deixasse o dia entrar, talvez eu vivesse todos os dias. Só uma casa e o que poderia ser se eu nela pudesse entrar. Como eu a faria clara, alegre e perfumada de alecrim, compraria flores, quem sabe, para enfeitar a sala. Teria lençóis brancos e uma parede carmim. Eu diria todos os dias "eu te amo" aos pássaros ou às flores. Na verdade não importa, eu só diria, talvez para mim. Talvez eu finalmente me amasse por viver onde quis. Talvez até alguém amasse como eu a casa de tijolos, onde em frente cresce uma rosa bem vermelha, que de tão linda, ao chegar ali, antes mesmo de abrir a porta eu já teria uma razão para sorrir.
Talvez hoje eu tivesse que sair sozinha e andar devagar mesmo até dar de cara com o meu sonhado futuro lar, que de não ser como imaginei é exatamente do que preciso.
Acho que nunca soube realmente qual é o meu lugar, talvez eu nunca tenha um lugar, mas sonhei com muitos, tenho milhões de lares imaginários, milhões de afetos perdidos e ternuras ultrapassadas. Tenho até esta ideia de que algum dia serei feliz, volta e meia me pego acreditando nela, como se hoje fosse apenas a espera. Tomara que não demore...
segunda-feira, 22 de abril de 2013
"Agora era fatal, que o faz de conta terminasse assim"
Em algum lugar um sorriso e então me esqueço de ir embora, aí se fecha uma porta e logo uma janela, fico procurando uma árvore de algum quintal, ou de um livro que li -quem sabe uma vaca voando- uma fresta de luz qualquer, qualquer sentimento. E tudo vai ficando escuro e eu com frio, já não sei o caminho, ou se há estrada, tudo calado, e o silêncio gritando cada vez mais, eu permaneço pensando, e o que não daria para não pensar, meu medo vem dessa ideia desordenada que existe em mim, da fantasia de me fazer feliz.
Eu não saio por aí perguntando se as pessoas são ou não felizes, se os seus amores perdidos deixaram marcas e de que tamanho, porque sei que deixaram, e é tudo. Ninguém é feliz, a vida é por tanto uma eterna busca, somos escravos dela -quase todos- mas não sei da minha, se demoro, volto logo ou nunca mais, se permaneço em cada abraço, se desmorono, me desfaço, se eu espero que algum dia a vida se faça uma coisa tão nova que de repente tenha algum sentido. O que sei é tão simples quanto ser quem sou, há um grito que não silencia dentro de mim, que me manda fazer o que for, o que eu quiser. Não há que entender, quando vi já me fiz sofrer.
Aí tem os lugares por onde andei me lembrando que existir é constante, não tem onde a gente possa se esconder, não dá pra desaparecer como eu tanto gostaria, muito mais que gostaria. Tem as fotos que rasguei me lembrando as escolhas erradas que fiz, e foram tantas. Tem as ruas tortas, os pesadelos que insistem em me atormentar, a maldade alheia que ainda me dá medo. Tem toda a inocência que ainda há em mim e a terrível resposta do mundo, de não me permitir preservá-la.
Tem um pouco de "João e Maria" de Chico, em mim, um pouco de praia, de não me importar, e tanto pavor do que vem agora, do que a vida manda, do que eu quero. Então lembrei que existo, e dentro de mim há dimensões desconhecidas e só minhas, pra onde eu posso fugir quando tudo se acabar.
Eu não saio por aí perguntando se as pessoas são ou não felizes, se os seus amores perdidos deixaram marcas e de que tamanho, porque sei que deixaram, e é tudo. Ninguém é feliz, a vida é por tanto uma eterna busca, somos escravos dela -quase todos- mas não sei da minha, se demoro, volto logo ou nunca mais, se permaneço em cada abraço, se desmorono, me desfaço, se eu espero que algum dia a vida se faça uma coisa tão nova que de repente tenha algum sentido. O que sei é tão simples quanto ser quem sou, há um grito que não silencia dentro de mim, que me manda fazer o que for, o que eu quiser. Não há que entender, quando vi já me fiz sofrer.
Aí tem os lugares por onde andei me lembrando que existir é constante, não tem onde a gente possa se esconder, não dá pra desaparecer como eu tanto gostaria, muito mais que gostaria. Tem as fotos que rasguei me lembrando as escolhas erradas que fiz, e foram tantas. Tem as ruas tortas, os pesadelos que insistem em me atormentar, a maldade alheia que ainda me dá medo. Tem toda a inocência que ainda há em mim e a terrível resposta do mundo, de não me permitir preservá-la.
Tem um pouco de "João e Maria" de Chico, em mim, um pouco de praia, de não me importar, e tanto pavor do que vem agora, do que a vida manda, do que eu quero. Então lembrei que existo, e dentro de mim há dimensões desconhecidas e só minhas, pra onde eu posso fugir quando tudo se acabar.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
"Na vida da gente não cabem todas as vidas da gente"
E o medo acabou. O que será de minha coragem? O que será de mim, meu Deus, tão feliz? O que sou eu feliz?
Sabe lá quantos desertos ainda hei de atravessar, quantos passos, quantas histórias, quantos encontros, não importa, é que pela primeira vez, eu não quero saber como tudo vai terminar. Então, brindemos ao nosso novo começo, a nossa nova esperança, a vida que espera por nós. É tudo que temos, mais um raiar.
Lembro-me por instantes das estradas de terra de Itaipu, a mangueira cheia no quintal da casa, eu, criança, doce, leve, alegre... Nenhum dia jamais se repete. Que triste destino este de nunca mais comer as frutas da casa de Itaipu, de nunca mais ver os olhos castanhos de minha cadela. E como dói admitir que por vezes a vida faz de nós o que quer, nos tira do lugar certo de outrora, nos coloca onde bem entende.
Eu vivi muitas vidas, todas elas imaginando a próxima e nunca esquecendo o passado, sabendo sempre que nem todos os caminhos nos levam à lugares bonitos, nem todas as orlas terminam em São Francisco à noitinha. Nem todo sol se põe atrás do pão de açúcar e nem sempre comigo sentada em Icaraí. Ainda não descobri também, que encanto tem este lugar que me prende, ou que magia me faz saber que existe um lugar melhor, ou uma Catarina melhor. Porque, Catarina, sem nome, sem estrada, recriada, mal criada, toda errada, eu fui sim, tudo isto que as pessoas dizem que é errado ser.
Toda vida que não pode ser vivida em uma só, eu vivi dentro de instantes. Dentro e fora de mim, por onde os caminhos me perdem, por onde as palavras aos montes me soam tristes, por onde todas as verdades são mentiras e todo amor é só poesia; por onde a solidão é que é real. E eu uma atriz, que só fiz representar e me reinventar sobre a dor e o desastre de ser cada um fora de mim, eu me fiz da amargura de alguém. Meu rosto eu não conheci, meu corpo foi todo um disfarce, e eu de brinquedo.
Uma grande loucura, não sei onde moro, ou de quê são feitos meus sonhos de lar. Não sei quantas casas habitei, quantas pessoas eu levei comigo por um caminho tortuoso, e foi o perigo de finalmente me encontrar que me perdeu de vez. Não, não foi ninguém além de mim. Do rosto que temi ver. Não, ninguém jamais me feriu como eu, ninguém foi tão cruel, ninguém entendeu o meu desejo de ser só o que eu queria, e viver todas as vidas que sonhei, como se cada dia despertasse um novo sol. Não, ninguém me disse que eu era boa, só eu. E ninguém falou as bobagens bonitas que eu gosto de ouvir. Não, não fui só eu que soube de mim, tem também aqueles que disseram que eu seria sempre infeliz.
Pois eis que aqui estou, cara plateia, redescoberta, redesenhada, toda pintada de azul, toda perdida de amor, toda encontrada, tão cheia de mim. Eu sou só mais uma noite clara que venta demais, um último pôr do sol, uma lágrima desesperada, eu sou inteira em cada coisa que vivo ou sinto, em tudo que vejo, em tudo que amo, e amo como um novo sol, todos os dias.
Sabe lá quantos desertos ainda hei de atravessar, quantos passos, quantas histórias, quantos encontros, não importa, é que pela primeira vez, eu não quero saber como tudo vai terminar. Então, brindemos ao nosso novo começo, a nossa nova esperança, a vida que espera por nós. É tudo que temos, mais um raiar.
Lembro-me por instantes das estradas de terra de Itaipu, a mangueira cheia no quintal da casa, eu, criança, doce, leve, alegre... Nenhum dia jamais se repete. Que triste destino este de nunca mais comer as frutas da casa de Itaipu, de nunca mais ver os olhos castanhos de minha cadela. E como dói admitir que por vezes a vida faz de nós o que quer, nos tira do lugar certo de outrora, nos coloca onde bem entende.
Eu vivi muitas vidas, todas elas imaginando a próxima e nunca esquecendo o passado, sabendo sempre que nem todos os caminhos nos levam à lugares bonitos, nem todas as orlas terminam em São Francisco à noitinha. Nem todo sol se põe atrás do pão de açúcar e nem sempre comigo sentada em Icaraí. Ainda não descobri também, que encanto tem este lugar que me prende, ou que magia me faz saber que existe um lugar melhor, ou uma Catarina melhor. Porque, Catarina, sem nome, sem estrada, recriada, mal criada, toda errada, eu fui sim, tudo isto que as pessoas dizem que é errado ser.
Toda vida que não pode ser vivida em uma só, eu vivi dentro de instantes. Dentro e fora de mim, por onde os caminhos me perdem, por onde as palavras aos montes me soam tristes, por onde todas as verdades são mentiras e todo amor é só poesia; por onde a solidão é que é real. E eu uma atriz, que só fiz representar e me reinventar sobre a dor e o desastre de ser cada um fora de mim, eu me fiz da amargura de alguém. Meu rosto eu não conheci, meu corpo foi todo um disfarce, e eu de brinquedo.
Uma grande loucura, não sei onde moro, ou de quê são feitos meus sonhos de lar. Não sei quantas casas habitei, quantas pessoas eu levei comigo por um caminho tortuoso, e foi o perigo de finalmente me encontrar que me perdeu de vez. Não, não foi ninguém além de mim. Do rosto que temi ver. Não, ninguém jamais me feriu como eu, ninguém foi tão cruel, ninguém entendeu o meu desejo de ser só o que eu queria, e viver todas as vidas que sonhei, como se cada dia despertasse um novo sol. Não, ninguém me disse que eu era boa, só eu. E ninguém falou as bobagens bonitas que eu gosto de ouvir. Não, não fui só eu que soube de mim, tem também aqueles que disseram que eu seria sempre infeliz.
Pois eis que aqui estou, cara plateia, redescoberta, redesenhada, toda pintada de azul, toda perdida de amor, toda encontrada, tão cheia de mim. Eu sou só mais uma noite clara que venta demais, um último pôr do sol, uma lágrima desesperada, eu sou inteira em cada coisa que vivo ou sinto, em tudo que vejo, em tudo que amo, e amo como um novo sol, todos os dias.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Criança ouve Cartola
Você sabe quantas vezes Cartola já te fez chorar? Lembra-se quantas dessas tinha a ver com o fato de você nunca saber onde devia estar? O que devia deixar, levar, o que era para ser e o que abandonar.
Sabe quantas vezes esperou pelo olhar certo, a palavra na hora precisa, o carinho ainda que na contra-mão, a defesa ainda que encrustada na garganta? Sabe, garotinha, quantas vezes as bocas se abriram sem saber que existem por aí tantas palavras bonitas esperando para serem ditas?
Você nem sabe quantas vezes deixou de dizê-las.
Se existisse um jeito de tudo ser fácil, e ser só a gente viver, e ir vivendo, e sorrindo e amando, e amar como se tudo fosse a última gota, como se a última gota fosse sempre a próxima, e essa próxima nunca se acabasse, então, você saberia dizer sempre a coisa certa?
E o que é que você sabe, meu doce? O que é que você descobriu sobre a vida e o que ela tem para você? Será que sabe que o mundo nunca será o jardim de flores e amores com que sonhou? Será que compreende que nenhum amor é o certo e nenhuma palavra é a que você precisa? Aquela que vai te fazer segurar mais um pouco o aperto no peito e acreditar que de algum jeito tudo vai dar certo.
Por isso, meu bem, é que tu odeia os finais felizes, por isso é que não sabe falar de beleza, de tempo bom, e até tua praia é nostalgia e a vontade de chorar no fim do dia, é a tristeza de sentar e ver lá na frente que tudo é tão maior que você, a tristeza de sonhar com os castelos de areia desta praia e vê-los destruídos pelo vento, como todos os sonhos que se atreveu a sonhar.
E assim te tornas uma tola criança, dessas que choram com Cartola, que amam como Vinicius, todos os dias, sem medo e sem limites, dessas, que sonham e se trancam em seus livros onde existem as palavras certas que não se encontram em bocas por aí, e fica parada diante das janelas, de portas fechadas, de desencontros e tristes desenlaces. Mas sabe, doce e ainda inocente criança, existem lugares onde as pessoas ainda dançam, onde o samba é só o que vem do lado esquerdo de nosso peito como um grande impulso que faz a roda girar e a gente cantar, como se a música fosse a última, e cada nota teu último suspiro aliviado, e este suspiro o que faz o dia raiar, e você pulsar, e continuar vivendo, e amando,e acreditando que existe a palavra bonita, o olhar certo na hora precisa, e alguém capaz de tê-los.
domingo, 25 de novembro de 2012
A solidão me cai bem
Um furacão, arrasadora, brutal, sempre no lugar errado, porque todo lugar é o lugar errado. A calmaria é só questão de tempo, eu sei, mas hora parece não chegar, e eu continuo correndo.
É como não ter uma casa, um lugar no mundo, é como não ser... Se sou, sou um instante, um momento, um breve pulsar, uma grande aventura, uma grande história sem sentido do início ao fim, um sentimento louco, desses como a esperança ou o desespero.
Agora a aurora, a rua vazia, a ausência de som, meu rosto sereno, meu corpo a continuar, e mais a frente eu me vejo na mesa de algum bar, com alguém sem rosto, sem carinho, sem querer, e sei que para onde vou existe um sentimento maior e mais forte que eu, um sentimento que vai insistir calado ou gritando, todos os dias desta nova vida. É loucura, eu sei, mas o que, aqui, não é?
Então, como é viver? É como sonhar acordada, é levantar ainda deitada, procurar e encontrar alguém, um abraço, um afago, um carinho qualquer sem ser qualquer coisa, uma vontade sem fim de ficar no mesmo lugar, de não mais fugir, nunca mais, é o nunca e o sempre de volta, é o pulsar maluco de um coração achado, é a felicidade de gostar e ser gostada, sabendo quem sou e quem és. Sabendo o que somos juntos, sabendo que somos bons, livres e alegres. Somos gente, gente de verdade, de bater, de apanhar, de sentir tudo à flor da pele, de querer com paixão, de com medo ir a diante. Somos quem conquistamos todos os dias, de baixo de nuvens escuras e dias que parecem noites, a cima do céu, a baixo da terra, somos inteiros para nós e para o mundo.
A solidão que me faz, que me vive, que me sente, deixa de estar quando ele está, e só retorna quando o vejo partir, então me pergunto: Como é que pode a gente gostar tanto da gente? Como pode ser não sentir medo? E como nos sonhos, talvez tudo termine antes que eu conte até três ou aprenda a andar de bicicleta, talvez os momentos sejam apenas isso mesmo, e eu demore ainda para chegar a foto perfeita ou ao amor certo. Pode ser que a ressaca seja cheia de solidão novamente, e que não haja nós dois. Pode ser tanta coisa, e a gente nunca sabe o que vai ser depois.
Mas de quê é feita a felicidade senão de ilusão? Felicidade é uma enorme aventura e uma incerteza ainda maior. É a gente sorrir sem querer e gostar de repente, é não entender o se passa no coração alheio, é não esperar esperando demais...
E a solidão, que cai tão bem a este ser inquieto e melancólico que sou, de repente é uma condição completa, que faz parte de mim, como os meus olhos, mas nem sempre eu os vejo, e me sei ainda que longe do espelho. Desta forma me sei só dentro de mim, porque quando olho pela janela de qualquer lugar tenho a certeza de que não há lá fora alguém capaz de entender o que sinto, como sinto, ou de saber o que está por trás do que visto, por baixo do que mostro. Mas então, de algum modo, me olhou de frente alguém capaz de me conhecer sem me conhecer e de me olhar me enxergando, alguém capaz da paixão que nos tira do prumo e nos leva a viagem mais louca que há, e não sei e nem me importa o tempo, o vento contrário, o frio que faz dentro de mim, o momento é o que tenho, e vivo por um único olhar, o mais doce e terno olhar, que me sabe, sem nada saber de mim.
É como não ter uma casa, um lugar no mundo, é como não ser... Se sou, sou um instante, um momento, um breve pulsar, uma grande aventura, uma grande história sem sentido do início ao fim, um sentimento louco, desses como a esperança ou o desespero.
Agora a aurora, a rua vazia, a ausência de som, meu rosto sereno, meu corpo a continuar, e mais a frente eu me vejo na mesa de algum bar, com alguém sem rosto, sem carinho, sem querer, e sei que para onde vou existe um sentimento maior e mais forte que eu, um sentimento que vai insistir calado ou gritando, todos os dias desta nova vida. É loucura, eu sei, mas o que, aqui, não é?
Então, como é viver? É como sonhar acordada, é levantar ainda deitada, procurar e encontrar alguém, um abraço, um afago, um carinho qualquer sem ser qualquer coisa, uma vontade sem fim de ficar no mesmo lugar, de não mais fugir, nunca mais, é o nunca e o sempre de volta, é o pulsar maluco de um coração achado, é a felicidade de gostar e ser gostada, sabendo quem sou e quem és. Sabendo o que somos juntos, sabendo que somos bons, livres e alegres. Somos gente, gente de verdade, de bater, de apanhar, de sentir tudo à flor da pele, de querer com paixão, de com medo ir a diante. Somos quem conquistamos todos os dias, de baixo de nuvens escuras e dias que parecem noites, a cima do céu, a baixo da terra, somos inteiros para nós e para o mundo.
A solidão que me faz, que me vive, que me sente, deixa de estar quando ele está, e só retorna quando o vejo partir, então me pergunto: Como é que pode a gente gostar tanto da gente? Como pode ser não sentir medo? E como nos sonhos, talvez tudo termine antes que eu conte até três ou aprenda a andar de bicicleta, talvez os momentos sejam apenas isso mesmo, e eu demore ainda para chegar a foto perfeita ou ao amor certo. Pode ser que a ressaca seja cheia de solidão novamente, e que não haja nós dois. Pode ser tanta coisa, e a gente nunca sabe o que vai ser depois.
Mas de quê é feita a felicidade senão de ilusão? Felicidade é uma enorme aventura e uma incerteza ainda maior. É a gente sorrir sem querer e gostar de repente, é não entender o se passa no coração alheio, é não esperar esperando demais...
E a solidão, que cai tão bem a este ser inquieto e melancólico que sou, de repente é uma condição completa, que faz parte de mim, como os meus olhos, mas nem sempre eu os vejo, e me sei ainda que longe do espelho. Desta forma me sei só dentro de mim, porque quando olho pela janela de qualquer lugar tenho a certeza de que não há lá fora alguém capaz de entender o que sinto, como sinto, ou de saber o que está por trás do que visto, por baixo do que mostro. Mas então, de algum modo, me olhou de frente alguém capaz de me conhecer sem me conhecer e de me olhar me enxergando, alguém capaz da paixão que nos tira do prumo e nos leva a viagem mais louca que há, e não sei e nem me importa o tempo, o vento contrário, o frio que faz dentro de mim, o momento é o que tenho, e vivo por um único olhar, o mais doce e terno olhar, que me sabe, sem nada saber de mim.
As grades
Há uma história que se olhada por uma janela com grades não parece nossa. Permanecemos ali, olhando, em estado de graça ou pavor, sentindo vontade de viver. Há histórias que num primeiro momento parecem corretas, mas as grades sempre nos impedem de ver alguma coisa, sempre nos bloqueiam algumas percepções, sempre nos impedem de pular de janelas, nos seguram, guardam, protegem e nos impedem de sonhar. Porque sonhar não é seguro.
Acostumei-me a essa vista, quase sempre é o mais perto do mundo que eu chego quando mais me sinto presa, e sei que lá fora nada é como vejo. Gosto da janela (não das grades), gosto de poder olhar para fora e ver de outro modo o que acontece nas casas vizinhas, gosto do olhar que não se envolve e nada vê enquanto tudo vê. Por vezes, sinto as opiniões apenas formas de ferir, machucar o outro, nunca um afago, um carinho, uma tentativa de compreensão, simples e fácil.
O direito a ser feliz e amar em paz deveria ser seguro, deveria fazer parte da vida de cada pessoa e ser vivido em plenitude, sem a louca necessidade de explicações e conceitos idealizados. Ninguém devia precisar de dicas de algum livro de autoajuda sobre como ser feliz, porque ser feliz é sempre um dia depois de outro, mas não é todo dia. A nossa história não precisa ter sempre um "bonzinho" e um "mauzinho", mas catalogamos as pessoas de tal forma, como se cada um pudesse ser sempre muito bom ou muito mau. Confesso que se eu fosse muito boa sempre, talvez fosse muito chata também. Acho esta história com o vilão e o mocinho sempre tão parecida; rasa, vazia e sem perspectiva. O mau sempre termina mal (ou morto). O bom é sempre muito feliz. Mas que vida miserável deve ser esta de ser feliz para sempre! Quanto tédio deve dar.
Olhando pela janela foi que descobri que havia um mundo que eu não conhecia, e olhar para fora era sempre tão bom quanto ler algum livro, uma viagem sem sair do lugar, uma viagem que não custa e ensina tanto, ao mesmo tempo.
Aprendi então a deixar que as portas se abrissem para que eu pudesse viver os mistérios do mundo, e me permiti abrir um pouco do meu mistério ao que há fora de mim, como uma forma de retribuir o que aprendo com o que posso ensinar.
Como é bom, finalmente entender que a vida é fácil de viver, que felicidade não é cinema e que a alegria existe e está aí o tempo inteiro diante de nós, basta que a gente queira sentir, e quando não dá, a tristeza que nos vem de encontro, ou a tristeza que procuramos, é o que nos ensina a diferença entre ser alegre e estar alegre. E estar triste não é ser infeliz, tristeza não é total ausência de alegria, assim como a alegria não destrói um "que" de melancolia que há sempre em qualquer pessoa, e eu entendo a melancolia e me afeiçoei a ela, pois é a sua presença constante em mim que me faz ver o que há de bonito lá fora, num mundo tão conhecido e sempre tão novo.
Nunca se nada no mesmo rio duas vezes, nunca se anda por uma mesma rua duas vezes, porque novos passos já deixaram marcas que você desconhece, e novas pessoas estão sempre a um passo de serem descobertas.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
O mundo é um muro de tijolinhos coloridos
Comecei uma carta para mim, pode parecer estranho, mas me habituei
a escrever cartas, e quando não tenho a quem dedica-las, escrevo em meu nome.
Escrever é o que faço de mais feliz, e as cartas são ainda mais que isso, são
pessoais, difíceis e são toda a minha verdade. Da carta surgiu este texto e a
minha mais nova e profunda vontade de recomeçar.
Estou tentando a
força de que preciso; estou observando do lado de fora de mim, procurando
enxergar cada dimensão... Estou usando um perfume de minha tia que usei por
muito tempo, num outro tempo, diferente. Quando sinto este cheiro me lembro de outra
pessoa, uma menina, antes de alguma relação difícil que tenha mudado sua vida. Lembro-me
do seu olhar inocente e jeito doce de ver as coisas da vida, lembro-me dela se
arrumando para o colégio novo e o cheiro era este em seu uniforme. Os dias foram indo e a gente só sabe como um tempo foi bom quando ele passa por
completo e as coisas ficam tão diferentes... Sinto falta de mim, da menina que
se sabia inteira, que não tinha medo de se mostrar, que não sentia culpa por
ser quem é, que, talvez, com quinze anos soubesse mais do que eu agora. O
cheiro dela está de novo em mim, e sem querer, quando senti, todos aqueles dias
voltaram, e num arroubo eu chorei, num momento meu comigo mesma.
Num outro instante percebi que toda liberdade que tive quando o tempo da escola passou, terminou
me levando ao lugar errado, eu me tranquei e dormi por tempo demais, bebi
coisas demais, até descobrir que a pior parte da ressaca não é a dor de cabeça. Comecei a me sentir em cacos quando voltava de algum
lugar de manhã sozinha, era só eu, a maquiagem borrada e os tênis que já
estavam gastos de tanto andar por aí, me machucando os pés ao descer a rua de
minha casa. Eu não sabia quem era eu, só tinha certeza de que ficava cada dia
mais insuportável a ideia de me ver tão sozinha, quando eu queria tanto um
colo, um abraço antes que eu dormisse, alguém que ainda me achasse linda depois
de tudo.
De repente eu
apenas parei, juntei minhas coisas e saí, de fora eu vi minha vida inteira a se
perder, eu só me encontrei longe daqui, e não foi difícil perceber que eu só
seria linda todos os dias se eu soubesse disso todos os dias, ninguém mais
faria um trabalho meu.
Tudo que procurava
em outras pessoas encontrei em mim: estimulo para conhecer o que não conheço,
vontade de viver e ver o mundo e a força que me é natural. Eu só encontrei
quando me enxerguei de novo, e ninguém me fez sentir isso, só eu pude fazer por
mim.
Então eu perdi o foco, todas as coisas externas me perturbaram; passei por
chuvas que nunca cessavam; descobri a raiz do caos e o vivi até a última gota.
Se há uma forma de explicar tudo isso, eu não sei se é esta, mas é como a gente
se fazer mal todos os dias, desejando fazer o bem. É como ferir com próprias mãos todas as coisas que mais se ama e nunca poder voltar atrás. Mas estou aqui, e tenho me desafiado todos os dias a ser melhor, é um processo violento, quando
ao me olhar eu encontro todas as coisas que quis esquecer, que escondi de mim
mesma numa tentativa vã de me proteger. Agora lembrei que alguns dos meus
pesadelos simplesmente passaram, não sei exatamente quando aconteceu, mas eu
esqueci, e isso me faz acreditar que tudo termina, de um jeito ou de outro,
alguma hora os tormentos deixam de insistir se nós não os alimentamos, assim a
gente aprende a viver sabendo que a vida é um dia depois de outro e que nada é
eterno e tudo é mutável, inclusive nós.
A carta tem fim
quando eu digo a mim mesma: Vamos lá, Corah, ser quem você escolheu, quem
quiser ser para ser o melhor, vamos fazer com que tudo valha a pena. Mais uma
vez.
"De que são
feitos os dias?
-De pequenos
desejos,
Vagarosas
saudades,
Silenciosas
lembranças...
Dentro deles
vivemos,
Dentro deles
choramos,
Em duros
desenlaces
E em sinistras
alianças"
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Ela é o desastre
A pessoa que eu sonhei ser está perdida, às vezes tão distante de
quem me tornei, às vezes sou apenas eu, que não me enxergo mais.
Denominar-me um
desastre natural se tornou a brincadeira mais séria de minha vida, não é um
pedido de desculpa, nunca foi uma desculpa, jamais soube dizer a mim mesma que
tudo isto está errado, que ser um grande desastre quase sempre, não pode estar
certo.
Ainda que passe o
tempo eu espero acordar deste pesadelo cheio de agonia. Agonia de não ser a
mulher que sonhei; agonia de não querer nada além de um colo; agonia de não
poder mais me olhar no espelho sem procurar o disfarce perfeito; agonia de já
não poder escrever, de não ter o que dizer.
Será que a alegria
da gente é sempre uma grande ilusão? Será que não haverá o mínimo suspiro
aliviado? Será que no caminho não há nada ou ninguém capaz de me tirar deste
inferno? Notei, logo após a última lágrima cair, que voltei a usar as palavras
como há tempos não usava, que finalmente volto a dizer apenas o que sinto. Tomo-me
em devaneios.
Ando adiando tudo
o que tem que ser vivido, dizendo que não sinto saudade, fingindo que tudo é
tão adequado, repetindo que quando tiver tempo eu vou viver, e agora, não sei o
que fazer comigo, não sei para onde devo ir ou como faço para consertar tudo
quebrado em mim. E talvez amanhã quando o sol sair, eu aceite que não sou
capaz de fazer tudo certo, que todo este conflito faz parte de mim, que talvez
eu seja mesmo assim, naturalmente desastrada, um desastre natural, e esteja só esperando
que alguém olhe bem dentro de mim e me mostre o caminho certo quando as coisas
fogem ao meu controle.
Queria saber como
é me sentir a salvo. Como é não perder tanto tempo com teorias de como a vida
deve ser, de como eu tenho que ser. Porque de todos os meus incontáveis
defeitos e falhas, o maior deles é ser infeliz a maior parte do tempo, enquanto
repito, incansável e constante, que "está tudo bem", enquanto respiro
por outras pessoas e me apego em outras histórias com este medo horrível de
voltar a sentir dor.
Pois então, acho
que aconteceu de novo, estou aqui, no mais profundo dentro de mim, no lugar
mais escuro e vazio que poderia imaginar, não me forcei a chorar e nem é
difícil escrever daqui de dentro, tudo flui com uma naturalidade incrível,
então, será que finalmente estou me permitindo sentir dor? Será que é este o
meu modo de pedir socorro? Será que de algum modo isto pode ser bom? Será que milagrosamente,
alguma coisa começou a fazer sentido dentro de mim quando me encontrei
completamente nua e sem disfarces? Ouvi um suspiro fugaz, então fechei os
olhos e de repente eu me vi sem reservas, como um bicho, puro instinto, eu fui
indo e indo, e então cheguei aqui, onde as flores estão mortas e caídas pelo
chão, onde as pedras nos impedem de andar, onde a escuridão não termina, onde
só existem palavras, as palavras mais tristes de que me recordo, e toda a
confusão do lado de fora já não me perturba, me tenho inteira.
Volto a voar na
escuridão, sinto que por um tempo ainda será tudo o que tenho, sinto que
começar de novo se tornou a minha maior lição, e depois de ter lutado tanto
para aprender a voltar atrás, tenho apenas um novo desafio. Existe uma ferida
aberta e tantas cicatrizes, mas não faz mal, quando se vive como eu é difícil
terminar o dia sem um arranhão, é difícil não despertar os piores olhares das
pessoas e às vezes suas piores dimensões.
Daqui de dentro
entendi que tenho me condenado por ser o que sou, me chamo um grande desastre,
sou um enorme perigo e as pessoas não saem ilesas ao meu lado, porém, ainda
assim, algo insiste em bater numa tecla, este algo me diz que a bondade é mesmo
a única coisa que nos salva no final do dia, que nos permite algum sossego, e é
ela que há de me salvar.
Sei que vou
descobrir de novo que não há nada que preencha os meus espaços vazios, sei que
então vou tropeçar novamente, dizer ou fazer a coisa errada pensando por algum
estúpido mecanismo de defesa, e vou ter que levantar mais uma vez sozinha. Sei
que vou acordar e lembrar que já não sei onde estou, então vou repetir que não
posso mais, que sou fraca e incapaz de viver com o que me fere, sei que vou
fugir enquanto puder. Novamente vou abrir a janela e chorar até cansar,
implorando, sei lá para quem, que me tire daqui, que me ensine a ser melhor,
porque ser sempre um desastre me tem destruído por completo. Então vou deitar
em minha cama quente e fingir que a noite pode durar para sempre, que eu nunca
mais vou ter que acordar.
Por hoje, me resta
acreditar que quando o sol raiar mais uma vez, o ar que me roubaram vai voltar
aos poucos, e todo o açúcar do mundo vai adoçar meu novo dia, que por aí, em
algum lugar, estão as respostas que procuro, e como a vida é repleta de
encontros felizes, em alguma esquina eu vou dar de cara com a minha melhor
dimensão, então todos os terríveis enganos, os mais torpes juízos e os erros,
destes imperdoáveis, ao menos farão sentido, e talvez, com sorte, parem de
doer.
Boa noite.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
E o amor, você sabe o que é?
O vento às vezes bate do lado de dentro da gente, faz tudo
balançar como quem pede atenção. É um "olha pra cá, tem algo errado... não
se desligue". Quando tudo está vazio demais esse vento sopra e nos
movimenta, faz brotar novamente um desejo qualquer.
A vida tem
acontecido alheia a mim e todas as conversas têm sido internas. O riso do
outro me causa estranhamento e certo incômodo, então me pergunto como aguentar
um sorriso que dura uma vida e não desconstrói entre um flerte ou uma tarde de
sol sem palavras. Por onde anda o encanto que perdi em alguém e já não
encontro?
Acontece de
repente: alguém te conhece simplesmente e sem explicação, te mostra dimensões
suas totalmente desconhecidas para você, te quebra a rotina de se conhecer
inteiro, toca uma parte inabitada, e até então adormecida pelo seu corpo, e é
isso que se chama amor?
O caminho que nos
leva de encontro a ele é penoso e penso então que gosto da dor como quem gosta
do sorriso no rosto conhecido, conheço pela desventura, amo o que tem de mais
profundo em alguém, a carne crua, que sangra; o beco escuro no fundo do peito;
o sentimento mais torpe que há, também tem a sua poesia, e toda poesia é bela a
seu modo.
O verdadeiro
sentido do amor, se é que ele existe, está no caminho mais difícil de
percorrer, e se no fim das contas houver um amor livre; de graça; que não fere
e nem é ferido, é porque alguém já passou por todas as dificuldades inevitáveis
de tê-lo, é porque alguém aceitou que amar não é prisão, é férias.
A "prisão do
amor" é toda teoria a que tem sido submetido, e é difícil aceitar. Eles
dizem: O verdadeiro amor nunca fracassa, fraqueja, desiste ou se vai.
E eu me pergunto
quem é capaz de catalogar um sentimento, ou fazer dele menor por ter se
cansado. Nós amamos e continuamos humanos, desistimos e vamos embora.
sábado, 14 de julho de 2012
Do seu, eu
Encontro um cartão, o mais simples presente, o mais discreto modo de se dizer amor. Palavras secretas, escondidas que se abriram poucas vezes, ouso pensar que foram tão poucas que aquelas tímidas palavras se perderam no tempo. E é como se ainda hoje eu olhasse para trás e pudesse sentir o cheiro que tinha a casa, a cama deles, suas roupas... Posso ouvir suas vozes, lembrar do que falavam, ler-lhes as antigas verdades.
Faço-me perguntas sem respostas, não espero qualquer certeza, apenas gosto de perguntar, como se alguém, em algum lugar se questionasse como eu.
Como amar alguém sem ser triste? Como amar alguém e não matar o amor próprio? Como amar alguém que seja simples e doce, só uma vez?
O cartão estava ali, em alguma caixa, no fundo de alguma gaveta ou na bagunça de um quarto, poderia ter continuado perdido, mas por alguma razão eu o encontrei e não pude me furtar a guarda-lo, e uma vez mais me questionar sobre o que fazemos dos nossos amores, como os matamos diante das impossibilidades.
É só um cartão, são só palavras e uma vida que podia ter sido vivida, não fossem os desastres que todos cometemos; não fossem cabeças duras e incuráveis manias destrutivas; formas de machucar.
Só um cartão e toda esperança nele contido, de um amor que durasse uma eternidade e que fosse feliz. Guardo comigo o significado perdido para eles, e sei o quão triste pode ser quando as coisas terminam e alguém se vai. São duas pessoas que conversaram por horas a fio, ganharam tempo se descobrindo e perderam tempo se estranhando. Alguma vez tudo foi leve não havia o medo inconveniente de se dizer bobagens. Penso nos detalhes que não houveram, os que eles esqueceram, penso nas palavras que disseram, as que não disseram. Penso em tudo que eles esperavam encontrar, tudo o que sonharam fazer e o que não fizeram. Eu não sei se são felizes enquanto penso no que lhes afastou para sempre... O "para sempre", se existe, é tão triste.
O amor morreu, quem matou, o que matou, quem vai em frente, quem volta atrás? Quem sabe?
Quando uma coisa sai errado você volta à opção anterior?
A questão continua a ecoar: Quem é que sabe seguir em frente?
Será que alguém sempre se lembra do outro que não foi; que não está; nunca esteve; nunca escreve, ou se vai?
Volto-me inteira para mim, e esta ausência de um desejo qualquer me entorpece, é como se ouvisse... "eu quero estar contigo, pequena..." de uma voz que não conheço. Um carinho bobo, de quem, não sei.
É apenas mais uma noite fria e estamos sós...
São algumas -muitas- horas a nos separar, são meus estardalhaços, meus rosnados, minha força bruta que me fere inteira e do outro lado o ser reticente que imagino, pacífico e são, como tudo o que eu sempre sonhei. E que talvez possa me dizer uma coisa aqui e outra ali que mude o fato de que eu preciso me sentir sempre assim...
Irremediavelmente só.
domingo, 24 de junho de 2012
Ainda tem areia no meu coração
E se cada um soubesse a exata dimensão do que procura? O
amor certo; o amor bonito, que alguém desejou e que ficou como um estribilho
perfeito, perdido, esperando...
"Ainda tem areia no teu coração?"
Espera uma resposta como um último grito que faz permanecer
no mesmo lugar. A resposta que às vezes a vida dá, com o vento ou um dia de
sol, dizendo: Não corra. Não tenha medo.
Espera uma vontade, de repente sorrir sem pretensão e
derreter o escudo anti alegria de alguém. Espera, espera mais um pouco. Ainda
tem areia no meu coração, histórias meio vividas, partidas ao meio, sem começo
e sem fim.
Nunca sabemos aonde vamos parar depois do primeiro olhar;
uma palavra que nos leva mais longe do que poderia; uma verdade inventada no
momento preciso; uma promessa qualquer, sem querer. Aonde acabamos ou começamos
ninguém nunca sabe, quando se nota a história já está inteira diante de nós e
quem é que escolhe sempre o melhor caminho?
"Não importa de onde você parta, não vai chegar a lugar
algum. Esta cidade é grande demais para você" - Depois de me perturbar,
entendi que não vou mesmo chegar ao lugar que esperam. Ninguém nunca é o que o
outro espera. Mas e se eu for grande demais para a cidade?
Nunca serei o plano perfeito de alguém. E se fosse do
tamanho certo?
É estranhamente incomodo (claro) ter que admitir não ser
sempre a melhor das opções para quem está em volta, mas não me frustra a ideia
que não vou ser o que alguém sempre buscou, estou longe de pensar que sou
também o caminho errado e torto.
As pessoas sempre vão procurar a resposta que lhes parece
perfeita; exata; que se adeque aos padrões e que se encaixe nos espaços vazios
e frios de cada um... Mas eu não caberia em um vão. Eu não poderia me permitir
ser tão reduzida ao plano de alguém, talvez esteja mais para a surpresa, o
improvável. Aconteço e dou certo em histórias alheias à minha, quando histórias
de tolerância, cuidado e compreensão. Me aconchego em braços cálidos, que
acolhem e protegem. Só permaneço onde me sei completa e segura, me finco no
solo, gosto de certezas. De incerta, já me basto.
Sinto a aversão de alguns ao fato de que todo mundo precisa
de cuidado. É tão difícil lidar com as carências intrínsecas a cada um e com as
dependências inevitáveis da vida, como se isso nos fizesse mais fracos. A
verdade é que talvez o que nos faça fortes de verdade seja a coragem necessária
ao mostrar que não há pecado em chorar, nem há fraqueza na emoção, e que tudo é
questão de sentimento, a razão é que é fugaz.
sábado, 2 de junho de 2012
"Mas quando você é o lixo, dói demais ser jogado na sarjeta"
As coisas devem se renovar - dizem. A gente joga fora o que não serve e adquire o que nos parece bom. O bom, sempre muda; sempre é outro; e o outro, que fora ruim, pode ser bom, em determinado momento.
A experiência nos transforma a cada passo; o que deixamos pelo caminho às vezes nem se nota, é triste quando você é o que fica para trás, não? Há vezes em que se sente o lixo para o resto do mundo, e dói como uma faca, que corta aos poucos e fere devagar... Porque o resto do mundo, é muita gente.
As histórias não precisam acontecer para findar, não te parece maluco?
Ao mesmo tempo, que tipo de paixão insiste em não ser fugaz?
Ou qual é a escolha que nos faz acertar ao nosso próprio coração, sem a pretensão de afetar o alheio?
Quais são as escolhas que nos fazem melhores de dentro para fora, para nós mesmos?
Nos transformamos; todos, mas o âmago de cada individuo permanece o mesmo, não acredito em uma forma de transformar o que há de peculiar em cada um, como a maneira de amar ou de ser bom para o resto do mundo. Não creio em maldade absoluta ou tratamentos que transformam alguém da noite para o dia em um ser "melhor", o melhor é subjetivo também.
O que não sou capaz de compreender posso aceitar ou recusar, simplesmente? Tudo é questão de opção e escolhemos ser contagiados pelo outro?
Custei a entender que a paixão é o único contágio que não se escolhe, e o que mais fere. Diante da impossibilidade de se aceitar o que no outro nos parece equivocado ou "fora do padrão" de certo e errado que sempre nos impomos (todos), o que resta?
A paixão acontece, não se escolhe não ser contagiado por quem nos cativa de graça; não se escolhe querer um outro ser completamente diferente de nós; nem se escolhe o desejo desenfreado de, por vezes, tocar aquele que nos faz mal.
O que se escolhe, diante do contágio da paixão que entorpece todos os sentidos é permanecer ou recusar-se. Não é simples, jamais será, e tudo tem que doer para passar, porém se escolhe um tipo de dor:
Será melhor viver com o outro e aceitar a realidade que lhe cabe, ainda que isso nos contradiga todas as certezas?
Ou o mais correto é aceitar que a ilusão sempre finda e pode machucar ainda mais quando se cria uma expectativa do contrário?
Há uma forma possível de racionalizar o que é fantasia e o que é concreto? Quem sabe dizer?
O verdadeiro fato é: Ou se muda o foco, ou se aceita. Não existe mecanismo que transforme o outro.
E principalmente, não há mecanismo algum capaz de gerar encantamento em alguém só porque assim queremos que seja. Por tanto, não existe razão para que se force uma mudança. A real mudança só ocorre por nós e para nós mesmos, mudar porque alguém desejou, acaba por nos transformar em tolos perdidos; maquiados; com máscaras, que em algum momento, terão que cair.
E ainda que doa ser jogado na sarjeta, dói ainda mais acreditar ser imune a virar passado na vida de alguém, porque todos nós passamos uma hora, e tudo passa.
A experiência nos transforma a cada passo; o que deixamos pelo caminho às vezes nem se nota, é triste quando você é o que fica para trás, não? Há vezes em que se sente o lixo para o resto do mundo, e dói como uma faca, que corta aos poucos e fere devagar... Porque o resto do mundo, é muita gente.
As histórias não precisam acontecer para findar, não te parece maluco?
Ao mesmo tempo, que tipo de paixão insiste em não ser fugaz?
Ou qual é a escolha que nos faz acertar ao nosso próprio coração, sem a pretensão de afetar o alheio?
Quais são as escolhas que nos fazem melhores de dentro para fora, para nós mesmos?
Nos transformamos; todos, mas o âmago de cada individuo permanece o mesmo, não acredito em uma forma de transformar o que há de peculiar em cada um, como a maneira de amar ou de ser bom para o resto do mundo. Não creio em maldade absoluta ou tratamentos que transformam alguém da noite para o dia em um ser "melhor", o melhor é subjetivo também.
O que não sou capaz de compreender posso aceitar ou recusar, simplesmente? Tudo é questão de opção e escolhemos ser contagiados pelo outro?
Custei a entender que a paixão é o único contágio que não se escolhe, e o que mais fere. Diante da impossibilidade de se aceitar o que no outro nos parece equivocado ou "fora do padrão" de certo e errado que sempre nos impomos (todos), o que resta?
A paixão acontece, não se escolhe não ser contagiado por quem nos cativa de graça; não se escolhe querer um outro ser completamente diferente de nós; nem se escolhe o desejo desenfreado de, por vezes, tocar aquele que nos faz mal.
O que se escolhe, diante do contágio da paixão que entorpece todos os sentidos é permanecer ou recusar-se. Não é simples, jamais será, e tudo tem que doer para passar, porém se escolhe um tipo de dor:
Será melhor viver com o outro e aceitar a realidade que lhe cabe, ainda que isso nos contradiga todas as certezas?
Ou o mais correto é aceitar que a ilusão sempre finda e pode machucar ainda mais quando se cria uma expectativa do contrário?
Há uma forma possível de racionalizar o que é fantasia e o que é concreto? Quem sabe dizer?
O verdadeiro fato é: Ou se muda o foco, ou se aceita. Não existe mecanismo que transforme o outro.
E principalmente, não há mecanismo algum capaz de gerar encantamento em alguém só porque assim queremos que seja. Por tanto, não existe razão para que se force uma mudança. A real mudança só ocorre por nós e para nós mesmos, mudar porque alguém desejou, acaba por nos transformar em tolos perdidos; maquiados; com máscaras, que em algum momento, terão que cair.
E ainda que doa ser jogado na sarjeta, dói ainda mais acreditar ser imune a virar passado na vida de alguém, porque todos nós passamos uma hora, e tudo passa.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Coisas da gente que a vida sabe de cor
Esta cidade já viu meus olhos inundados d'água, e me viu acreditar mais uma vez. Maris e Barros presenciou meu coração à explodir de esperança e minha janela me sabe inteira quando estou só.
O mundo sabe de nós coisas demais, enquanto talvez, saibamos muito pouco, a vida parece estar sempre nos fazendo tropeçar em nossos erros e nos dando novos motivos para olhar mais a diante, como se todas as terríveis dificuldades e os desencontros, fossem, por alguma razão, só uma parte do que é viver mesmo, aguentar é questão de sobrevivência, mas sorrir é a maior demonstração de força.
Às vezes vivo como se ainda procurasse por algo, às vezes não vivo, fico em suspenso, em sono profundo e me perco no sentido de quem quero encontrar, é um sonho torto - penso- um sonho torto.
O caminho conhecido é sempre fácil, não dá gosto, nem desgosto, é o mesmo, não importa quem por ali passe. Deve ser por isso que as ruas de Icaraí me parecem sempre diferentes, cada vez que volto se renovam, sempre me perdem, sempre me emocionam, como a alguém que busca em cada esquina uma resposta, e quase sempre chora ao encontrar, porque a resposta é como um sol, uma nuvem, uma calçada rachada, a areia da praia, uma bola de sorvete, a corrente de vento, uma frase de Chico, a minha própria história que as ruas vão me contando, e a nossa história, ao ser lembrada, muitas vezes dá vontade de chorar.
A vida é uma sequência de encontros e desencontros, quando sabemos quem queremos encontrar, muitas vezes ficamos à beira do caminho, tantas vezes esperamos tempo demais, e o tempo se vai diante da porta errada em que batemos. Há vezes, porém, em que a vida nos permite encontros felizes, coincidências, acasos que viram histórias inteiras, repletas de céus azuis e dias de chuva também, porque se vive sempre um dia de cada vez.
Sinto uma paz me tomar, os sobressaltos ficaram há algumas horas e me lembrei de que a vida é muito mais do que instantes da confusão que me causam todas as paixões ou a ausência delas. Ela me sabe de cor, em cada pequeno detalhe triste, ou cada grande esperança, ela é que me vive, por vezes? Não sei dizer, mas existo tão completamente que nada jamais faz sentido. O sentido é nunca, é agora, é sempre e sempre me perde, o sentido não existe.
O mundo sabe de nós coisas demais, enquanto talvez, saibamos muito pouco, a vida parece estar sempre nos fazendo tropeçar em nossos erros e nos dando novos motivos para olhar mais a diante, como se todas as terríveis dificuldades e os desencontros, fossem, por alguma razão, só uma parte do que é viver mesmo, aguentar é questão de sobrevivência, mas sorrir é a maior demonstração de força.
Às vezes vivo como se ainda procurasse por algo, às vezes não vivo, fico em suspenso, em sono profundo e me perco no sentido de quem quero encontrar, é um sonho torto - penso- um sonho torto.
O caminho conhecido é sempre fácil, não dá gosto, nem desgosto, é o mesmo, não importa quem por ali passe. Deve ser por isso que as ruas de Icaraí me parecem sempre diferentes, cada vez que volto se renovam, sempre me perdem, sempre me emocionam, como a alguém que busca em cada esquina uma resposta, e quase sempre chora ao encontrar, porque a resposta é como um sol, uma nuvem, uma calçada rachada, a areia da praia, uma bola de sorvete, a corrente de vento, uma frase de Chico, a minha própria história que as ruas vão me contando, e a nossa história, ao ser lembrada, muitas vezes dá vontade de chorar.
A vida é uma sequência de encontros e desencontros, quando sabemos quem queremos encontrar, muitas vezes ficamos à beira do caminho, tantas vezes esperamos tempo demais, e o tempo se vai diante da porta errada em que batemos. Há vezes, porém, em que a vida nos permite encontros felizes, coincidências, acasos que viram histórias inteiras, repletas de céus azuis e dias de chuva também, porque se vive sempre um dia de cada vez.
Sinto uma paz me tomar, os sobressaltos ficaram há algumas horas e me lembrei de que a vida é muito mais do que instantes da confusão que me causam todas as paixões ou a ausência delas. Ela me sabe de cor, em cada pequeno detalhe triste, ou cada grande esperança, ela é que me vive, por vezes? Não sei dizer, mas existo tão completamente que nada jamais faz sentido. O sentido é nunca, é agora, é sempre e sempre me perde, o sentido não existe.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
O "código de conduta"
Eu sou capaz de compreender um jogo de futebol se perder meia hora assistindo, mas ainda não entendo as reações humanas diante dos desafios que a vida as apresenta. É certo que nós somos pequenos demais, e a cada instante nos tornamos menores, nossos valores são menores, nossos amores são menores, nossas histórias não tem encontros felizes, elas nem ao menos tem um pouco de coragem diante do desastre ou da infelicidade.
Pensei que então, adoro a minha loucura, porque do coleguismo, moralismo e "código de conduta" alheio, estamos todos entupidos até as orelhas.
O código de conduta que fere, incapaz de amar, incapaz de um gesto de ternura.
Estamos perdidos neste lugar sem mãos estendidas, sem palavras bonitas e sem esperança.
Pensei que então, adoro a minha loucura, porque do coleguismo, moralismo e "código de conduta" alheio, estamos todos entupidos até as orelhas.
O código de conduta que fere, incapaz de amar, incapaz de um gesto de ternura.
Estamos perdidos neste lugar sem mãos estendidas, sem palavras bonitas e sem esperança.
terça-feira, 24 de abril de 2012
Descompasso
E esta dificuldade em me encontrar no passado, me descobrir no que ficou distante.
E esta procura por alguém que não está.
E este tolo desencontro com quem fui, agora, aonde vou?
E se o amor termina, quem somos nós?
Uma história esquecida, que não será contada.
Uma verdade torta, que fica, como tudo o que não serve.
Um olhar luminoso que entristece.
A obrigação de viver.
Este estranho descompasso, o incômodo silêncio de minha solidão.
E ler o que escrevi há tempos é como voltar as páginas de um livro, por vezes, muito triste de se ler.
Há a necessidade de não contar a mim mesma o que acontece.
Às vezes me cobre o desejo de esquecer.
Às vezes, num arroubo, me procuro no lugar errado.
E se sou apenas uma história complicada.
E se andei somente por ruas tortas.
E se eu virar para o lado e fechar os olhos, eu me esqueço de quem fui?
E esta procura por alguém que não está.
E este tolo desencontro com quem fui, agora, aonde vou?
E se o amor termina, quem somos nós?
Uma história esquecida, que não será contada.
Uma verdade torta, que fica, como tudo o que não serve.
Um olhar luminoso que entristece.
A obrigação de viver.
Este estranho descompasso, o incômodo silêncio de minha solidão.
E ler o que escrevi há tempos é como voltar as páginas de um livro, por vezes, muito triste de se ler.
Há a necessidade de não contar a mim mesma o que acontece.
Às vezes me cobre o desejo de esquecer.
Às vezes, num arroubo, me procuro no lugar errado.
E se sou apenas uma história complicada.
E se andei somente por ruas tortas.
E se eu virar para o lado e fechar os olhos, eu me esqueço de quem fui?
quinta-feira, 5 de abril de 2012
"Um brinde ao destino"
Eu sigo marcando livros, lendo novas histórias e ouvindo as histórias de quem sou quando não sou, de quem sou quando não me pertenço.
Eu sigo grifando frases, destacando possíveis respostas, aprendendo o que dizem as entrelinhas do meu ser e descobrindo-me em novos livros, em novas versões, novas verdades.
Eu sigo por esta estrada sem caminho de volta, sem olhar para trás, e lá atrás está aquela que fui mas não sou. La atrás está aquela história que vivi e por aí tem sido contada meio torta, hora certa, hora equivocada.
Sigo por noites cálidas, noites frias, noites caminhadas com mil versos na cabeça, algumas frases sobre estrelas e a lua que vejo, enorme, de cima de um morro.
Seguir é o natural, às vezes nós paramos e ainda assim os dias seguem. Muitas pessoas ficam, tantas, antes inesquecíveis, e agora sombras, tantas, na verdade podiam ter sido para sempre, apenas tomaram rumos distintos dos nossos, e podemos acreditar que novas histórias vão surgindo e ocupando os espaços vazios deixados.
Hoje acredito que algumas respostas que parecem não existir a vida se encarrega de nos dar, e que muitas verdades que nos foram impostas, ou por nós cristalizadas, simplesmente não eram verdades.
Então, se no final das contas, por destino ou por acaso, eu vim parar aqui, e se ali a diante talvez tenha que aprender a voltar atrás, eu não sei, a verdade é que a vida é que nos leva, e há sempre caminhos novos a serem descobertos, ou os mesmos caminhos a nos redescobrir.
Eu sigo grifando frases, destacando possíveis respostas, aprendendo o que dizem as entrelinhas do meu ser e descobrindo-me em novos livros, em novas versões, novas verdades.
Eu sigo por esta estrada sem caminho de volta, sem olhar para trás, e lá atrás está aquela que fui mas não sou. La atrás está aquela história que vivi e por aí tem sido contada meio torta, hora certa, hora equivocada.
Sigo por noites cálidas, noites frias, noites caminhadas com mil versos na cabeça, algumas frases sobre estrelas e a lua que vejo, enorme, de cima de um morro.
Seguir é o natural, às vezes nós paramos e ainda assim os dias seguem. Muitas pessoas ficam, tantas, antes inesquecíveis, e agora sombras, tantas, na verdade podiam ter sido para sempre, apenas tomaram rumos distintos dos nossos, e podemos acreditar que novas histórias vão surgindo e ocupando os espaços vazios deixados.
Hoje acredito que algumas respostas que parecem não existir a vida se encarrega de nos dar, e que muitas verdades que nos foram impostas, ou por nós cristalizadas, simplesmente não eram verdades.
Então, se no final das contas, por destino ou por acaso, eu vim parar aqui, e se ali a diante talvez tenha que aprender a voltar atrás, eu não sei, a verdade é que a vida é que nos leva, e há sempre caminhos novos a serem descobertos, ou os mesmos caminhos a nos redescobrir.
terça-feira, 20 de março de 2012
Passos e noites vãs
Para que viver correndo se no fim das contas a gente acaba? Vamos chegar aonde mesmo?
Do nada viemos, para ele voltamos, e talvez nada do que conquistamos realmente nos pertença, nada além do sentimento, ou da razão. E às vezes até a razão se vai.
Hoje eu completo mais um ano de vida e me pergunto aonde vou parar, se a morte é quase tão simples quanto a vida, porque a gente chora?
Tenho andado por ruas bonitas, às vezes paro, volto e reparo no céu visto de um morro alto, às vezes eu presto atenção em mim, às vezes eu me perco e me vou.
Vivo com pressa, atordoada, quero chegar, quero sentar, hoje eu só queria viver mais um pouco...
Sinto que não vamos a parte alguma, que os lugares é que nos andam e nós somos apenas um pedaço de uma coisa bem maior. Eu sei que sou mais uma pessoa, só mais alguns passos apressados, só mais alguns passos lentos, apenas passos em noites bonitas, ou noites tristes.
Ninguém vai nos dizer o que está certo, quem somos nós para saber? E quem vai dizer o que está errado cada vez que uma lágrima cai e a gente perde o controle? Quem é que tem o controle de tudo? Eu não.
Já me vejo chegando, descendo esta rua, sou o reflexo em alguns carros quando bate a luz, sou apenas alguém que quer chegar, estou em todo lugar e não descanso de mim, nem minha solidão me basta. Queria me perder de mim mesma, só pra variar um pouco.
E caminhando foi que percebi, as pessoas passam por nós e se vão.
"Talvez não valham o esforço de um correr atrás" - penso.
Elas não valem porque nós não as conhecemos e é mais fácil pensar que não se perde nada. Conhecer é algo que exige esforço, tempo e paciência, e eles se vão enquanto você pensa... Algumas chances se vão enquanto se pensa...
Me percebo só, e será que não estou justamente porque não me dou a liberdade de conhecer quem jamais ousaria pensar, senão por acaso ou destino, ou os dois, nos querendo empurrar? Nós ignoramos...
Para que esperar que as coisas aconteçam quando não se tem nada a perder? A vida é um risco e nós não sabemos viver, não sabemos arriscar, como é triste.
Me vejo, hoje, ao completar um ciclo de vida, caminhando devagar, me sinto só, me sinto serena, me sinto simples e fácil de entender, me sinto esse pulsar, já menos acelerado.
Eu sou este turbilhão, que se desfaz e refaz a todo momento, e queria me perder sem o medo de não me achar.
Mais uma noite...
E me lembro então, que alguém concertava meus brinquedos e me falava sobre os pássaros, o vejo caminhar entre as flores e dar comida aos bichinhos nas gaiolas, eu não gostava de vê-los tão presos, mas entendia que talvez, ele só os quisesse proteger, como aos filhos que não pode, ali, eles estariam seguros e cantariam mais alto.
Seus olhos azuis cheios de lágrimas ao sol, seus olhos azuis cristal a me olhar tão doce, queria que seus olhos me vissem para sempre, queria ir com ele por esta fantasia tão grande em que se perdeu, queria pegar a minha bolsa e dizer "vou-me embora" mas desta vez, não vou só. Queria ter me lembrado de dizer o quanto me soava doce cada uma de suas palavras duras e até a sua postura, sempre tão firme.
Somos poeira, e nada mais, uns vem, outros vão, e o mundo continua a girar. Nada muda realmente, e tudo muda o tempo inteiro. Os lugares permanecem e as pessoas os transformam, mas eles ainda são os mesmos.
E o que eu não daria para voltar, ao mesmo quintal de plantas, seus muros de concreto, e ele me ensinando sobre sementes de girassol, sim, ele gostava de mastigá-las, e ainda que eu não gostasse, mastigava também para fazer-lhe companhia.
Não tinha gosto, mas me lembro de como achava incrível dizer:
"Ei, vovó, estamos mastigando sementes de girassol antes do almoço!"
Ao senhor dos olhos azuis cristal, tão branco e tão alto, um Valdoski inteiro e eterno.
Ele não sabe, mas alguém já me abriu a porta para que saísse com a minha mochila nas costas, e fosse para nunca mais voltar.
Do nada viemos, para ele voltamos, e talvez nada do que conquistamos realmente nos pertença, nada além do sentimento, ou da razão. E às vezes até a razão se vai.
Hoje eu completo mais um ano de vida e me pergunto aonde vou parar, se a morte é quase tão simples quanto a vida, porque a gente chora?
Tenho andado por ruas bonitas, às vezes paro, volto e reparo no céu visto de um morro alto, às vezes eu presto atenção em mim, às vezes eu me perco e me vou.
Vivo com pressa, atordoada, quero chegar, quero sentar, hoje eu só queria viver mais um pouco...
Sinto que não vamos a parte alguma, que os lugares é que nos andam e nós somos apenas um pedaço de uma coisa bem maior. Eu sei que sou mais uma pessoa, só mais alguns passos apressados, só mais alguns passos lentos, apenas passos em noites bonitas, ou noites tristes.
Ninguém vai nos dizer o que está certo, quem somos nós para saber? E quem vai dizer o que está errado cada vez que uma lágrima cai e a gente perde o controle? Quem é que tem o controle de tudo? Eu não.
Já me vejo chegando, descendo esta rua, sou o reflexo em alguns carros quando bate a luz, sou apenas alguém que quer chegar, estou em todo lugar e não descanso de mim, nem minha solidão me basta. Queria me perder de mim mesma, só pra variar um pouco.
E caminhando foi que percebi, as pessoas passam por nós e se vão.
"Talvez não valham o esforço de um correr atrás" - penso.
Elas não valem porque nós não as conhecemos e é mais fácil pensar que não se perde nada. Conhecer é algo que exige esforço, tempo e paciência, e eles se vão enquanto você pensa... Algumas chances se vão enquanto se pensa...
Me percebo só, e será que não estou justamente porque não me dou a liberdade de conhecer quem jamais ousaria pensar, senão por acaso ou destino, ou os dois, nos querendo empurrar? Nós ignoramos...
Para que esperar que as coisas aconteçam quando não se tem nada a perder? A vida é um risco e nós não sabemos viver, não sabemos arriscar, como é triste.
Me vejo, hoje, ao completar um ciclo de vida, caminhando devagar, me sinto só, me sinto serena, me sinto simples e fácil de entender, me sinto esse pulsar, já menos acelerado.
Eu sou este turbilhão, que se desfaz e refaz a todo momento, e queria me perder sem o medo de não me achar.
Mais uma noite...
E me lembro então, que alguém concertava meus brinquedos e me falava sobre os pássaros, o vejo caminhar entre as flores e dar comida aos bichinhos nas gaiolas, eu não gostava de vê-los tão presos, mas entendia que talvez, ele só os quisesse proteger, como aos filhos que não pode, ali, eles estariam seguros e cantariam mais alto.
Seus olhos azuis cheios de lágrimas ao sol, seus olhos azuis cristal a me olhar tão doce, queria que seus olhos me vissem para sempre, queria ir com ele por esta fantasia tão grande em que se perdeu, queria pegar a minha bolsa e dizer "vou-me embora" mas desta vez, não vou só. Queria ter me lembrado de dizer o quanto me soava doce cada uma de suas palavras duras e até a sua postura, sempre tão firme.
Somos poeira, e nada mais, uns vem, outros vão, e o mundo continua a girar. Nada muda realmente, e tudo muda o tempo inteiro. Os lugares permanecem e as pessoas os transformam, mas eles ainda são os mesmos.
E o que eu não daria para voltar, ao mesmo quintal de plantas, seus muros de concreto, e ele me ensinando sobre sementes de girassol, sim, ele gostava de mastigá-las, e ainda que eu não gostasse, mastigava também para fazer-lhe companhia.
Não tinha gosto, mas me lembro de como achava incrível dizer:
"Ei, vovó, estamos mastigando sementes de girassol antes do almoço!"
Ao senhor dos olhos azuis cristal, tão branco e tão alto, um Valdoski inteiro e eterno.
Ele não sabe, mas alguém já me abriu a porta para que saísse com a minha mochila nas costas, e fosse para nunca mais voltar.
quinta-feira, 15 de março de 2012
"Me diz o que é o sufoco, e eu te mostro alguém afim de te acompanhar"
Gostei desta - ele disse
É a primeira vez que realmente parece uma carta...
Ele não a levou, nem esta, nem as outras que lhe escrevi (foram pelo menos vinte), ficaram todas, dentro de seu saquinho azul transparente, cheio de borboletas, que antes me fora dado por outro que já nem me recordo.
Dele me recordo, apenas dele, como se ontem mesmo tivesse me negado o primeiro beijo, com aquele seu jeito terno de recusar. Como se ontem mesmo tivéssemos dormido juntos, agarrados em minha cama pequena...
Não sei onde ele foi.
Sei que existe o que sentimos e sentiremos, sei que ele está lá, ali, aqui, em todo lugar, e não vai sair.
Sei que ninguém, como eu, há de saber do que ele gosta, o que ele teme, o que lhe cativa ou fascina, talvez nunca saibam, ou descubram quando sua cama já estiver fria demais para mim.
Me pousa uma libélula na parede ao lado, sinto-a tão serena, sem pressa, sabe viver, sabe esperar e espera. Ela, assim como nós, sabe aonde deve chegar, apenas não se afoba, então porque fazemos sempre o mesmo, tudo sempre igual?
Vivemos traçando as mesmas rotas, cometendo os mesmos erros e repudiando-os, vivemos tentando esquecer que já somos páginas viradas, porque dói demais ser jogado na sarjeta, e dói demais não ter caminho de volta.
Enquanto eu leio outros livros, ele esquece, enquanto eu tento esquecer, ele se perde, e vamos sentir este estranho incômodo por quanto tempo eu não sei, vamos nos sentir vazios até nos completar de coisas novas e isso é quase como começar do zero.
Mas às vezes, só às vezes, ouço uma música que me destrói por completo, e é como se ele falasse comigo, é como se me olhasse, com aqueles mesmos olhos fundos e dissesse: "Do nosso amor, a gente é que sabe, pequena"...
Uma dor funda me toma, e não posso mais controlar o que sinto... parece que esta noite nunca vai terminar.
É a primeira vez que realmente parece uma carta...
Ele não a levou, nem esta, nem as outras que lhe escrevi (foram pelo menos vinte), ficaram todas, dentro de seu saquinho azul transparente, cheio de borboletas, que antes me fora dado por outro que já nem me recordo.
Dele me recordo, apenas dele, como se ontem mesmo tivesse me negado o primeiro beijo, com aquele seu jeito terno de recusar. Como se ontem mesmo tivéssemos dormido juntos, agarrados em minha cama pequena...
Não sei onde ele foi.
Sei que existe o que sentimos e sentiremos, sei que ele está lá, ali, aqui, em todo lugar, e não vai sair.
Sei que ninguém, como eu, há de saber do que ele gosta, o que ele teme, o que lhe cativa ou fascina, talvez nunca saibam, ou descubram quando sua cama já estiver fria demais para mim.
Me pousa uma libélula na parede ao lado, sinto-a tão serena, sem pressa, sabe viver, sabe esperar e espera. Ela, assim como nós, sabe aonde deve chegar, apenas não se afoba, então porque fazemos sempre o mesmo, tudo sempre igual?
Vivemos traçando as mesmas rotas, cometendo os mesmos erros e repudiando-os, vivemos tentando esquecer que já somos páginas viradas, porque dói demais ser jogado na sarjeta, e dói demais não ter caminho de volta.
Enquanto eu leio outros livros, ele esquece, enquanto eu tento esquecer, ele se perde, e vamos sentir este estranho incômodo por quanto tempo eu não sei, vamos nos sentir vazios até nos completar de coisas novas e isso é quase como começar do zero.
Mas às vezes, só às vezes, ouço uma música que me destrói por completo, e é como se ele falasse comigo, é como se me olhasse, com aqueles mesmos olhos fundos e dissesse: "Do nosso amor, a gente é que sabe, pequena"...
Uma dor funda me toma, e não posso mais controlar o que sinto... parece que esta noite nunca vai terminar.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Não que ela seja tão Bossa Nova
Seus olhos multicoloridos se inundam agora, como a primeira vez...
Não que seja esta forma de olhar, de ver a vida, de abrir as janelas de sua alma ou a maneira espontânea como fala (às vezes demais)... Não que seja apenas esta louca maneira de amar, ou sua forma nada contida de entregar o jogo. Não é apenas como veste uma lingerie, mas como veste-se inteira de verdades ao falar.
Não é sua calada maneira de chorar para sua janela ou o modo como se sente só, incondicionalmente só... Não é seu modo de calar, mas a voz que grita, que arranha as tardes de sol -num samba.
Não são os caminhos que se fazem e desfazem à sua frente, não são os brincos que perdeu por aí, ou só as estradas erradas cheias de cacos por onde se cortou.
Não são os fins, são os meios...
Não que seja só esta doce maneira de andar sem rumo, nem são só as luzes das noites cariocas -que tanto ama- a iluminá-la...
Não é só a imagem refletida no espelho.
Não são as palavras tristes que profere ou as ausências e os espaços vazios. Assim como também não é só o sorriso que às vezes se atreve a sorrir.
Não são as sardas, a boca, o batom -essa mania de cantar- ou os olhos... colo, seios, quadris, pernas, aparatos e penduricalhos...
Não é o que se pode ver.
Não que sejam as unhas pintadas de carmim, ou os livros inacabados... Não é também só o que tem de Chico Buarque em suas palavras.
Não que seja só este atar e desatar comum em suas relações... Nem são só as coisas que se jogaram pelas janelas -para nunca mais...
Não são apenas suas mãos esperando a palavra a vir, quando falta a palavra certa.
Não pode haver outra, que como ela, anseie, busque, erre, tropece e caia com tal inteireza, e que do mesmo modo, se levante.
Não deve haver nenhuma outra que se ame e se odeie com a mesma paixão, e tão intensa, que morre todo o tempo, e do mesmo modo renasce.
Não há quem grite desta forma e ao mesmo tempo às vezes seja tão Bossa Nova.
Sabem... Chego a pensar que na verdade são estas coisas intrínsecas a ela, como a esperança, uma fonte de inesgotáveis chances de se fazer diferente o que está errado, esta mania -teimosa- de acreditar, que ainda que tudo dê errado, a vida dá muitas voltas, e numa delas, a gente se acerta.
Não que seja esta forma de olhar, de ver a vida, de abrir as janelas de sua alma ou a maneira espontânea como fala (às vezes demais)... Não que seja apenas esta louca maneira de amar, ou sua forma nada contida de entregar o jogo. Não é apenas como veste uma lingerie, mas como veste-se inteira de verdades ao falar.
Não é sua calada maneira de chorar para sua janela ou o modo como se sente só, incondicionalmente só... Não é seu modo de calar, mas a voz que grita, que arranha as tardes de sol -num samba.
Não são os caminhos que se fazem e desfazem à sua frente, não são os brincos que perdeu por aí, ou só as estradas erradas cheias de cacos por onde se cortou.
Não são os fins, são os meios...
Não que seja só esta doce maneira de andar sem rumo, nem são só as luzes das noites cariocas -que tanto ama- a iluminá-la...
Não é só a imagem refletida no espelho.
Não são as palavras tristes que profere ou as ausências e os espaços vazios. Assim como também não é só o sorriso que às vezes se atreve a sorrir.
Não são as sardas, a boca, o batom -essa mania de cantar- ou os olhos... colo, seios, quadris, pernas, aparatos e penduricalhos...
Não é o que se pode ver.
Não que sejam as unhas pintadas de carmim, ou os livros inacabados... Não é também só o que tem de Chico Buarque em suas palavras.
Não que seja só este atar e desatar comum em suas relações... Nem são só as coisas que se jogaram pelas janelas -para nunca mais...
Não são apenas suas mãos esperando a palavra a vir, quando falta a palavra certa.
Não pode haver outra, que como ela, anseie, busque, erre, tropece e caia com tal inteireza, e que do mesmo modo, se levante.
Não deve haver nenhuma outra que se ame e se odeie com a mesma paixão, e tão intensa, que morre todo o tempo, e do mesmo modo renasce.
Não há quem grite desta forma e ao mesmo tempo às vezes seja tão Bossa Nova.
Sabem... Chego a pensar que na verdade são estas coisas intrínsecas a ela, como a esperança, uma fonte de inesgotáveis chances de se fazer diferente o que está errado, esta mania -teimosa- de acreditar, que ainda que tudo dê errado, a vida dá muitas voltas, e numa delas, a gente se acerta.
sábado, 14 de janeiro de 2012
"Se meu coração fosse mais triste que uma canção, você ainda ouviria?"
Estamos descobrindo, meu bem, que amar, viver e lutar não são coisas fáceis e que talvez por isso só quem consegue levantar sozinho chega a algum lugar. Estamos aqui esperando que alguém nos ensine uma lição valiosa, algo que nos dê de novo um sentido. Estamos, enfim, talvez um pouco perdidos... Queria que você não tivesse medo, que houvesse confiança e a certeza de que no fim das contas tudo fica bem, eu queria que acreditasse em mim.
As nossas mãos já não se encontram e nossos beijos ficaram em algum lugar dessa história, nossas cabeças deixaram de coincidir e passaram a se afastar, estamos negando que sejamos tão parecidos como de fato somos, isso pode doer um pouco... Ou pode doer mais...
Eu queria saber de que forma escrever para tocar-lhe o coração, já foi tão fácil e agora tudo é um mistério, às vezes até como se fossemos dois estranhos, aí tento pensar que o amor tem mesmo dessas coisas, leva pra longe, trás de volta e joga com a gente o tempo inteiro, me lembro de você em meu travesseiro e aquilo era tão real que num arroubo te volto a conhecer por inteiro e amar ainda mais, se é que é possível.
Peço que entenda que existem milhares de erros a nossa volta e os que não cometemos, ainda estamos por cometer, nunca seremos perfeitos em nada, a não ser um para o outro, e se há alguma forma de mudar tudo isso, me ensine, pois eu ainda não descobri.
As nossas mãos já não se encontram e nossos beijos ficaram em algum lugar dessa história, nossas cabeças deixaram de coincidir e passaram a se afastar, estamos negando que sejamos tão parecidos como de fato somos, isso pode doer um pouco... Ou pode doer mais...
Eu queria saber de que forma escrever para tocar-lhe o coração, já foi tão fácil e agora tudo é um mistério, às vezes até como se fossemos dois estranhos, aí tento pensar que o amor tem mesmo dessas coisas, leva pra longe, trás de volta e joga com a gente o tempo inteiro, me lembro de você em meu travesseiro e aquilo era tão real que num arroubo te volto a conhecer por inteiro e amar ainda mais, se é que é possível.
Peço que entenda que existem milhares de erros a nossa volta e os que não cometemos, ainda estamos por cometer, nunca seremos perfeitos em nada, a não ser um para o outro, e se há alguma forma de mudar tudo isso, me ensine, pois eu ainda não descobri.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
2012
(Gostaria de fazer um resumo elaborado, bem feito, com toda a pompa que de certa forma o ano merecia de mim, mas é tarde, estou cansada e com sono, não sei se as palavras farão algum sentido, ainda assim não poderia deixar de escrever o ultimo texto do ano, nem poderia deixar de dedicá-lo aos que estiveram comigo em 2011).
Pois bem, nós chegamos até aqui...
Não é o fim e nem necessariamente um começo, afinal às vezes parece que os anos vão e vem e nós continuamos no mesmo lugar. Em 2011 foi essa a maior das minhas sensações e a maior das minhas frustrações também. Estar parada, diante da estrada sem poder seguir, olhar os caminhos que os outros trilhavam bem em frente a mim e permanecer intacta, sempre a margem das coisas. É difícil sentir que a vida não anda e que os dias não passam, pior é senti-los passando sem reação.
Perdi a conta das vezes em que me peguei olhando o calendário sem fazer ideia do dia, ou das vezes em que reclamei pra mim e para os outros, numa tentativa inútil de que alguém (ou eu mesma) me acordasse e me fizesse seguir a diante nem que fosse na marra. Eu perdi não só a conta, mas as horas, os momentos, as pequenas coisas, daquelas menores mesmo, que fazem com que a gente seja especial. Eu estive tão maluca que perdi os amigos por um tempo, perdi a referência e quase me deixei cair. Eu me esqueci de dar às pessoas um motivo pra gostar de mim e só me lembrei de cobra-las (internamente) a atenção e o colo que eu queria. No entanto, todos estavam ali, apenas vivendo suas vidas e seguindo, enquanto eu permanecia parada, e isso não é pecado algum, afinal a vida não para porque alguém parou.
Então, ainda que pareça clichê, eu gosto de pensar que quando se está no escuro, sempre aparece uma luz que nada mais é do que um caminho que surge e se coloca diante de nós. Estou feliz com o caminho que se fez diante de mim este ano, estou feliz por ter entendido (na marra) mais uma vez que vale à pena estar aqui.
Amanhã eu vou viajar, vou ser alegre por uns dias no meu lugar, vou sentir cada segundo pulsar como nunca e ter a certeza de que mereci esta alegria. Queria que fosse possível proporcionar à todos a esperança que eu sinto hoje, é uma pena não poder. Ainda assim, desejo que o ano que vem seja repleto de janelas abertas, dias de sol e pessoas capazes de perdoar mais e amar muito também. Que sejam pessoas mais fortes, mais seguras, mais íntegras também e que acreditem: por menores que sejam os bons momentos, eles valem à pena.
Sem mais delongas, há uma ultima coisa que gostaria de ressaltar:
Recebi este ano um cartão que mudou minha forma de pensar sobre mim, um cartão simples, impresso, sem intenção de impressionar ou de causar o impacto que causou, nele veio escrito a frase que, sem duvidas, foi a que mais me tocou neste ano: "Quando se é muito inteligente, às vezes é difícil que as pessoas compreendam."
Depois disso eu desisti de me compreender. E desisti de tentar fazer com que os outros me compreendam.
Boa noite...
E um incrível 2012.
Pois bem, nós chegamos até aqui...
Não é o fim e nem necessariamente um começo, afinal às vezes parece que os anos vão e vem e nós continuamos no mesmo lugar. Em 2011 foi essa a maior das minhas sensações e a maior das minhas frustrações também. Estar parada, diante da estrada sem poder seguir, olhar os caminhos que os outros trilhavam bem em frente a mim e permanecer intacta, sempre a margem das coisas. É difícil sentir que a vida não anda e que os dias não passam, pior é senti-los passando sem reação.
Perdi a conta das vezes em que me peguei olhando o calendário sem fazer ideia do dia, ou das vezes em que reclamei pra mim e para os outros, numa tentativa inútil de que alguém (ou eu mesma) me acordasse e me fizesse seguir a diante nem que fosse na marra. Eu perdi não só a conta, mas as horas, os momentos, as pequenas coisas, daquelas menores mesmo, que fazem com que a gente seja especial. Eu estive tão maluca que perdi os amigos por um tempo, perdi a referência e quase me deixei cair. Eu me esqueci de dar às pessoas um motivo pra gostar de mim e só me lembrei de cobra-las (internamente) a atenção e o colo que eu queria. No entanto, todos estavam ali, apenas vivendo suas vidas e seguindo, enquanto eu permanecia parada, e isso não é pecado algum, afinal a vida não para porque alguém parou.
Então, ainda que pareça clichê, eu gosto de pensar que quando se está no escuro, sempre aparece uma luz que nada mais é do que um caminho que surge e se coloca diante de nós. Estou feliz com o caminho que se fez diante de mim este ano, estou feliz por ter entendido (na marra) mais uma vez que vale à pena estar aqui.
Amanhã eu vou viajar, vou ser alegre por uns dias no meu lugar, vou sentir cada segundo pulsar como nunca e ter a certeza de que mereci esta alegria. Queria que fosse possível proporcionar à todos a esperança que eu sinto hoje, é uma pena não poder. Ainda assim, desejo que o ano que vem seja repleto de janelas abertas, dias de sol e pessoas capazes de perdoar mais e amar muito também. Que sejam pessoas mais fortes, mais seguras, mais íntegras também e que acreditem: por menores que sejam os bons momentos, eles valem à pena.
Sem mais delongas, há uma ultima coisa que gostaria de ressaltar:
Recebi este ano um cartão que mudou minha forma de pensar sobre mim, um cartão simples, impresso, sem intenção de impressionar ou de causar o impacto que causou, nele veio escrito a frase que, sem duvidas, foi a que mais me tocou neste ano: "Quando se é muito inteligente, às vezes é difícil que as pessoas compreendam."
Depois disso eu desisti de me compreender. E desisti de tentar fazer com que os outros me compreendam.
Boa noite...
E um incrível 2012.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Janela do quarto
Quantos mundos vão existir pra me atrair? Ou então quantas maldades disfarçadas? Quantas pessoas lindas, incríveis e extremamente desejáveis vão estar por aí me olhando? Às vezes tudo o que eu queria era ter nascido longe daqui, dessa busca por aparência que ofusca o que somos por dentro, dessa tristeza terrível de ser perfeito ou ser mais um, bonito ou feio, certo ou errado, mas principalmente dessa angústia de ter os olhos dos outros como espelho, de ter que ser bom para os outros mais que pra nós, de nada bastar.
Desde pequena, quando mais estou ferida, vou até a janela do quarto e olho para o céu sempre me perguntando "Quem vai me enxergar aqui, como sou?", nunca tive uma resposta, porque nunca, sequer uma pessoa me olhou como eu me vejo ou como me sinto aqui. Paro em frente à janela e me ouço chorar, espero e deixo estar, que tudo passa, e vai passando, passando, até que a gente nem se lembra porque chorou.
Então eu simplesmente não ligo de estar feia ou bonita, perdida ou achada e não ligo de estar ferida, porque dói muito mais ter que fingir que não estou.
Desde pequena, quando mais estou ferida, vou até a janela do quarto e olho para o céu sempre me perguntando "Quem vai me enxergar aqui, como sou?", nunca tive uma resposta, porque nunca, sequer uma pessoa me olhou como eu me vejo ou como me sinto aqui. Paro em frente à janela e me ouço chorar, espero e deixo estar, que tudo passa, e vai passando, passando, até que a gente nem se lembra porque chorou.
Então eu simplesmente não ligo de estar feia ou bonita, perdida ou achada e não ligo de estar ferida, porque dói muito mais ter que fingir que não estou.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
O Sol sorri
Nada como um dia de sol, um sol majestoso e radiante que ilumina e enche de paz os corações perdidos... É São Paulo, é verão e embora a combinação não pareça ser incrível, há dias, como hoje, em que cada pequena tristeza está escondida como deveria estar, e toda a felicidade possível está perdida no céu azul aonde podemos nos encontrar. Eu sei, às vezes soa confuso, mas se você fechar os olhos e viajar na cena, ou apenas se viu o céu que eu vi aqui, então entende o que eu falo. Um sol que sorria, sem confusões, sem nuvens, sem escuridão, até a noite é clara como se não houvesse um mundo cheio de problemas, trapassas, sistemas ou pressão... Por todos os lados ouvia-se música, gente cantando, dançando ou até mesmo lavando roupa, sem obrigação. Eu vi as mais belas histórias escritas neste cenário de paz, eu ouvi as canções que todos esquecemos de cantar porque estamos ocupados demais com o momento... que passa. Eu ouvi alguém dizer "Não tenha medo, não tenha pressa..." Eu vivi hoje, ao menos uma vez, não era Niterói, não era Icaraí, não tinha praia nem pra olhar - e as lágrimas caem só em pensar - mas a sensação de liberdade absoluta esteve presente no dia em que, sem querer, São Paulo inteiro foi feliz, porque ainda que as maiores tragédias tenham acontecido aqui, hoje, este céu provou que sempre pode ter algo de bom.
Então, só hoje eu fiquei bem, sem o peso de carregar a mim mesma como uma obrigação de seguir em frente sem motivos. Hoje eu sou só o que sou, sem disfarces ou fugas fáceis. E pode ser que amanhã eu volte a ser esta pessoa que reclama e se sente só, que chora e se desespera sentindo o vazio tomar conta de si, e talvez eu esqueça que a felicidade é um dia após o outro assim como a tristeza... passa. Esta esperança que me toma em devaneios e me enche de paz pode sumir, e por tão pouco tudo volta ao que era... Não importa, estou aqui, agora, e sou feliz, talvez por poder ver um dia assim, talvez por ter amor e ser amada da maneira mais pura e incondicional que pode haver ou simplesmente por existir de verdade, não como alguém que é só o que tem que ser e faz o que tem de ser feito, mas por existir: carne, ossos, feridas, cicatrizes, uma tristeza sem fim que nem ao menos posso explicar, uma cabeça que é minha como eu quero, cheia de erros e acertos também, mas a cima de tudo com uma esperança que nunca morre, e que eu sinto às vezes tão forte que me toma por inteiro e me faz acreditar que tudo é como deve ser.
Então, boa noite pra mim, que fico feliz em ler o que escrevo...
E boa noite à quem foi feliz ou triste hoje, amanhã tudo muda mesmo!
Boa noite Gênio, minha parte mais bonita...
Boa noite.
Então, só hoje eu fiquei bem, sem o peso de carregar a mim mesma como uma obrigação de seguir em frente sem motivos. Hoje eu sou só o que sou, sem disfarces ou fugas fáceis. E pode ser que amanhã eu volte a ser esta pessoa que reclama e se sente só, que chora e se desespera sentindo o vazio tomar conta de si, e talvez eu esqueça que a felicidade é um dia após o outro assim como a tristeza... passa. Esta esperança que me toma em devaneios e me enche de paz pode sumir, e por tão pouco tudo volta ao que era... Não importa, estou aqui, agora, e sou feliz, talvez por poder ver um dia assim, talvez por ter amor e ser amada da maneira mais pura e incondicional que pode haver ou simplesmente por existir de verdade, não como alguém que é só o que tem que ser e faz o que tem de ser feito, mas por existir: carne, ossos, feridas, cicatrizes, uma tristeza sem fim que nem ao menos posso explicar, uma cabeça que é minha como eu quero, cheia de erros e acertos também, mas a cima de tudo com uma esperança que nunca morre, e que eu sinto às vezes tão forte que me toma por inteiro e me faz acreditar que tudo é como deve ser.
Então, boa noite pra mim, que fico feliz em ler o que escrevo...
E boa noite à quem foi feliz ou triste hoje, amanhã tudo muda mesmo!
Boa noite Gênio, minha parte mais bonita...
Boa noite.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Post para Artur da Távola
"Abafo a angústia e a vontade de chorar. Vou depressa para a rua, onde tudo é passagem, aparência e busca, tudo é leve e fluido como a ilusão que aplaca e aliena."
A parte difícil de se viver, a que mais dói, é quando nos descobrimos sozinhos. Estamos sós e ninguém precisa lutar por ninguém. Sinto como se a vida nos unisse e em contrapartida nós tratamos de nos afastar.
Eu estou aqui, ainda, e a vida está indo como deve ser, vejo as pessoas caminhando, tudo está tão certo e a angústia de permanecer no mesmo lugar volta a atormentar, parece que ao correr em busca de uma saída eu me afundo ainda mais onde estou.
Eu não sei viver um dia de cada vez, então continuo esperando que alguma coisa aconteça e o meu grande momento chegue...
Estou aqui... Ainda.
A parte difícil de se viver, a que mais dói, é quando nos descobrimos sozinhos. Estamos sós e ninguém precisa lutar por ninguém. Sinto como se a vida nos unisse e em contrapartida nós tratamos de nos afastar.
Eu estou aqui, ainda, e a vida está indo como deve ser, vejo as pessoas caminhando, tudo está tão certo e a angústia de permanecer no mesmo lugar volta a atormentar, parece que ao correr em busca de uma saída eu me afundo ainda mais onde estou.
Eu não sei viver um dia de cada vez, então continuo esperando que alguma coisa aconteça e o meu grande momento chegue...
Estou aqui... Ainda.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Aos amigos que hei de fazer
"E a gente vai se amando, que também sem um carinho ninguém segura esse rojão."
Chico disse, e eu endosso.
Se as coisas são tão difíceis como parecem agora, se o mundo lhe espreita e se oprime ser o que é, será que vão existir aqueles que vão te salvar das coisas tristes e da falta de esperança?
Pois eis que a vida me trouxe respostas, dessas fáceis de perceber, e simples até demais, muito além das palavras que ouso e amo escrever. São respostas como cada coisa de bom que acontece com a gente: Cada céu azul, mais azul que o normal, cada estrela que sobressai, cada pequena esperança que encontra um local frio, úmido e deserto pra se enfiar, e pra mim, cada fim de tarde na Mariz e Barros, indo pro mar, sentindo o vento de Icaraí e aquele sol que não existe outro igual, ou cada vez que Chico Buarque me faz sentir uma boa cantora, uma boa pessoa e quiçá uma boa escritora também.
Sobre essas respostas e a partir delas é que esse mundo que destrói, desanima, derruba e fere a todos nós me parece uma realidade válida, da maneira mais irônica e contraditória até boa de se viver, assim como os contratempos, as desventuras, os labirintos e tantos desencontros tem sido bons para nos mostrar quem somos e aonde podemos chegar.
E se a vida nos tem sido tão cruel e chegar até aqui, foi, a cima de tudo uma questão de sobrevivência, se apesar de termos tudo ainda nos falte força às vezes, e se tanta coisa bonita também custa tão caro, então cada dia é uma vitória a mais.
E é nesta noite meio fria, mais uma em que estou de frente à mim mesma, tão sozinha comigo, que insisto em me lembrar que vão existir pessoas por mim, e eu vou existir por elas. Será que só isso já não basta?
Então...
"Eu já não posso caminhar, caminhe por mim...
Se eu me cansar no caminho, respire por mim."
Aos velhos, novos, grandes amigos. Aos perdidos, que se encontrem, aos achados que se unam, para que possamos lembrar das músicas que ouvíamos, e dos lugares por onde passamos juntos.
Às enormes distâncias, encontros.
À mim, algum sentido pra estar aqui.
E finalmente, sempre fora do comum, ainda perdida, talvez com todas as esperanças escondidas em algum lugar que não encontro, eu tenho sempre aqui comigo alguma palavra boa de se dizer, e bonita de se ouvir... Aos amigos que ainda hei de fazer.
Chico disse, e eu endosso.
Se as coisas são tão difíceis como parecem agora, se o mundo lhe espreita e se oprime ser o que é, será que vão existir aqueles que vão te salvar das coisas tristes e da falta de esperança?
Pois eis que a vida me trouxe respostas, dessas fáceis de perceber, e simples até demais, muito além das palavras que ouso e amo escrever. São respostas como cada coisa de bom que acontece com a gente: Cada céu azul, mais azul que o normal, cada estrela que sobressai, cada pequena esperança que encontra um local frio, úmido e deserto pra se enfiar, e pra mim, cada fim de tarde na Mariz e Barros, indo pro mar, sentindo o vento de Icaraí e aquele sol que não existe outro igual, ou cada vez que Chico Buarque me faz sentir uma boa cantora, uma boa pessoa e quiçá uma boa escritora também.
Sobre essas respostas e a partir delas é que esse mundo que destrói, desanima, derruba e fere a todos nós me parece uma realidade válida, da maneira mais irônica e contraditória até boa de se viver, assim como os contratempos, as desventuras, os labirintos e tantos desencontros tem sido bons para nos mostrar quem somos e aonde podemos chegar.
E se a vida nos tem sido tão cruel e chegar até aqui, foi, a cima de tudo uma questão de sobrevivência, se apesar de termos tudo ainda nos falte força às vezes, e se tanta coisa bonita também custa tão caro, então cada dia é uma vitória a mais.
E é nesta noite meio fria, mais uma em que estou de frente à mim mesma, tão sozinha comigo, que insisto em me lembrar que vão existir pessoas por mim, e eu vou existir por elas. Será que só isso já não basta?
Então...
"Eu já não posso caminhar, caminhe por mim...
Se eu me cansar no caminho, respire por mim."
Aos velhos, novos, grandes amigos. Aos perdidos, que se encontrem, aos achados que se unam, para que possamos lembrar das músicas que ouvíamos, e dos lugares por onde passamos juntos.
Às enormes distâncias, encontros.
À mim, algum sentido pra estar aqui.
E finalmente, sempre fora do comum, ainda perdida, talvez com todas as esperanças escondidas em algum lugar que não encontro, eu tenho sempre aqui comigo alguma palavra boa de se dizer, e bonita de se ouvir... Aos amigos que ainda hei de fazer.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Sabe quando a gente quer se esconder da gente? Quando é preciso se perder por um caminho estranho que nos leve pra um rumo diferente, um rumo meio "Alice", um rumo alternativo pra uma vida toda planejada por alguém?
Eu quero me perder de mim, da vida que inventaram, de um destino que não é meu e dessa sensação de impotência e fraqueza diante de tudo.
Eu não quero viver uma vida de ressacas morais e dores de cabeça, não quero viver em meio a tanta gente hipócrita, num lugar onde só o que conta é a aparência, onde eu não valho mais. Eu não quero continuar a ser sempre a boa amiga para quem vira as costas e se esquece do que significa carinho, atenção e cuidado.
Aí eu fico pensando se nasci no tempo certo ou se não estou completamente enganada pelo relógio. Se eu não sou daquele tipo que luta mais do que tudo e se deixa sangrar por inteiro a cada batalha. Fico pensando se eu não sou dessas que poderia viver no tempo de meu avô, quando ainda existiam sonhos possíveis, amizades que enfrentavam tudo e iam além do infinito, amores que se amavam mesmo em meio a loucura de se correr tanto...
Está tudo errado, o tempo, o vento contrário, a falta de esperança, tudo. Estamos perdendo cada detalhe do que é ser feliz de verdade, além das festas, além de sorrisos, será que sabemos ainda o que é a felicidade de poder chorar para um amigo? Será que nos lembramos do que é ter um amigo? Aquele que te vê sem maquiagem, rasgado, quebrado e ainda assim te reconhece.
Todos os dias eu vejo alguma "Felicidade" ensaiada em sorrisos e abraços, acabar com grandes histórias da amizade de pessoas que lutam, e sabem correr por alguém. Todos os dias eu vejo festas, baladas, tantas fotografias acabarem com dias de sol, fazendo deles um inferno em remédios. Todos esses dias estão passando, aqui e ali, e não há presente nem futuro, não há verdade, somos apenas grandes tolos.
E ainda que eu mesma chegue a hesitar um pouco, sei que ali em frente existe algo grande, diferente e incrível esperando por mim, algo que eu só preciso aprender a merecer, e aí então tudo passa a fazer sentido.
Eu acredito nisso, mais que tudo, e é claro que escrever não é muito para alguns, mas além de ser tudo o que faço com mais amor, cada linha é escrita com a minha mais pura verdade.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Feliz Cumpleaños!
Bem, eu não sou boa em dar presentes. O escritor é tão envolvido-perdido em seus escritos que o único e melhor presente de aniversário que pensa em dar a alguém especial é... outro texto!
Pois bem, Felipe, perdoe esta pobre criatura que lhe escreve, perdoe não ter nada além de algumas palavras a oferecer.
Resta em mim um desejo pequeno de fazer brotar um sorriso qualquer em seu rosto doce... Nele se encontram alguns dos meus segredos, que eu mesma só descobri depois de tê-lo ali em frente, tão perto que eu quase podia tocar.
Eu me descobri, um falar manso, calmo, um passo desacelerado. Me descobri alguém capaz de fazer crescer algo de bom dentro de uma pessoa tão diferente, tão cheia de verdades alheias às minhas.
Foi-se o platonismo e ficou um amor real, tão real que me pego às vezes pensando como seriam os meus dias se tudo fosse mais perto... Se eu não seria melhor, ou diferente. Se não seria mais fácil, menos voluntariosa.
Enfim, é um amor tão perturbado, tão nebuloso, tão cheio de vontades próprias que me ignoram, que chega ser difícil pôr no papel (só eu sei os dias que passei em claro tentando escrever)... Faltam palavras, e pensei "E agora?"
E agora, o que é que eu faço pra mostrar a ele as imagens que me vem em mente, de uma história inteira por vir?
E agora, o que eu faço pra dar a ele um pouquinho do gosto doce que sinto ao pensar em flores, campos, praças e o lugar em que habita, sem nem ao menos saber como é?
Como eu faço pra dar um pedaço da felicidade que ele por tão pouco esforço têm dado a mim?
Quem mais vai enxergar em mim uma "Catuxa"?
Quem mais vai enxergar a menina que há tanto se foi?
Quem mais vai me olhar com queles olhos brilhantes de tanta inocência, e procurar me entender em vão? Quem com os batimentos acelerados assim?!
Quem mais será capaz de uma maturidade tão assustadora pra mim?
O pensamento de quem mais me importará assim?
Eu procurei sempre por certezas, e eis uma das poucas que tenho: Enquanto ele existir sei que não estarei sozinha, sei que terei alguém por mim, um ser capaz de amar e proteger muito além do que sonho, e muito perfeito para o que necessito.
Felipe, eu não quero ser nada além do que sou. Na verdade eu não quero ser diferente. Gosto de pensar que você tem alguém que vai te mostrar que tudo sempre tem dois lados. Por que pra mim, o Inferno é aqui mesmo, e não é tão ruim.
Eu quero ser apenas um pouco do que você precisa, só alguém que te faça rir, só uma resposta alternativa para todas as suas perguntas...
E então, se estiver aí perdido, precisando de um abraço que não sufoque, de uma palavra que liberte ou uma bobagem qualquer, sabe aonde encontrar, sabe que sempre vai ter de mim o melhor que eu puder oferecer.
Poucos vão me conhecer como você conhece, e com certeza apenas você vai ter de mim uma "Catuxa" com toda a pompa e circunstância que merece o apelido!
E caso ainda não tenha notado...
NOTA: Eu amo você, Felipe.
Pois bem, Felipe, perdoe esta pobre criatura que lhe escreve, perdoe não ter nada além de algumas palavras a oferecer.
Resta em mim um desejo pequeno de fazer brotar um sorriso qualquer em seu rosto doce... Nele se encontram alguns dos meus segredos, que eu mesma só descobri depois de tê-lo ali em frente, tão perto que eu quase podia tocar.
Eu me descobri, um falar manso, calmo, um passo desacelerado. Me descobri alguém capaz de fazer crescer algo de bom dentro de uma pessoa tão diferente, tão cheia de verdades alheias às minhas.
Foi-se o platonismo e ficou um amor real, tão real que me pego às vezes pensando como seriam os meus dias se tudo fosse mais perto... Se eu não seria melhor, ou diferente. Se não seria mais fácil, menos voluntariosa.
Enfim, é um amor tão perturbado, tão nebuloso, tão cheio de vontades próprias que me ignoram, que chega ser difícil pôr no papel (só eu sei os dias que passei em claro tentando escrever)... Faltam palavras, e pensei "E agora?"
E agora, o que é que eu faço pra mostrar a ele as imagens que me vem em mente, de uma história inteira por vir?
E agora, o que eu faço pra dar a ele um pouquinho do gosto doce que sinto ao pensar em flores, campos, praças e o lugar em que habita, sem nem ao menos saber como é?
Como eu faço pra dar um pedaço da felicidade que ele por tão pouco esforço têm dado a mim?
Quem mais vai enxergar em mim uma "Catuxa"?
Quem mais vai enxergar a menina que há tanto se foi?
Quem mais vai me olhar com queles olhos brilhantes de tanta inocência, e procurar me entender em vão? Quem com os batimentos acelerados assim?!
Quem mais será capaz de uma maturidade tão assustadora pra mim?
O pensamento de quem mais me importará assim?
Eu procurei sempre por certezas, e eis uma das poucas que tenho: Enquanto ele existir sei que não estarei sozinha, sei que terei alguém por mim, um ser capaz de amar e proteger muito além do que sonho, e muito perfeito para o que necessito.
Felipe, eu não quero ser nada além do que sou. Na verdade eu não quero ser diferente. Gosto de pensar que você tem alguém que vai te mostrar que tudo sempre tem dois lados. Por que pra mim, o Inferno é aqui mesmo, e não é tão ruim.
Eu quero ser apenas um pouco do que você precisa, só alguém que te faça rir, só uma resposta alternativa para todas as suas perguntas...
E então, se estiver aí perdido, precisando de um abraço que não sufoque, de uma palavra que liberte ou uma bobagem qualquer, sabe aonde encontrar, sabe que sempre vai ter de mim o melhor que eu puder oferecer.
Poucos vão me conhecer como você conhece, e com certeza apenas você vai ter de mim uma "Catuxa" com toda a pompa e circunstância que merece o apelido!
E caso ainda não tenha notado...
NOTA: Eu amo você, Felipe.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Novos dias.
Renasceu um dia bonito ao meu redor. Um dia cálido, com o céu cheio de azul...
Hoje tudo tem mais cor, tudo é tão perfeito, tudo gira em torno de alguma palavra de amor.
Nada que pesa, nada que oprime, nada vai tirar o sorriso do meu rosto, nada. As unhas coloridas, as roupas tão leves, os cílios que se ofuscam pelo brilho dos meus olhos. Todas as coisas mudam, o mundo muda, a roda gira, e tudo o que foi bom volta, como que por encanto.
Hoje eu só quero sorrir, perdoar, mostrar que ainda existe quem seja capaz da esperança nesse mundo, ainda que uma esperança fugidia. Hoje eu só quero me fazer feliz...
Por quantos pecados já me castiguei perdi a conta. De quantos olhares eu fugi, também já nem sei.
Tudo o que eu quero acreditar é que a minha alegria é capaz de transformar os corações assim como transformou o meu. Que tudo há de se ajeitar sem que se precise correr tanto.
Sem pressa, sem tanto medo, há tanto tempo e tanta vida aí em frente.
Eu descobri três coisas importantes sobre mim nesse mês que passou:
1- Eu gosto muito mais de brigadeiro do que pensei!
2- Eu quero escrever pro resto da vida, que ainda que ninguém leia é o que me faz mais feliz.
3- Existe uma pessoa nesse mundo que é pra mim, e não importa, a vida muda mesmo, a gente muda, o que não mudou nesse tempo é o amor que sentimos.
O Gênio que me descobre todos os dias, e que diz se apaixonar por mim mais uma vez a cada texto novo, é a prova de que existem pessoas verdadeiramente boas e capazes de seguir em frente.
Hoje tudo tem mais cor, tudo é tão perfeito, tudo gira em torno de alguma palavra de amor.
Nada que pesa, nada que oprime, nada vai tirar o sorriso do meu rosto, nada. As unhas coloridas, as roupas tão leves, os cílios que se ofuscam pelo brilho dos meus olhos. Todas as coisas mudam, o mundo muda, a roda gira, e tudo o que foi bom volta, como que por encanto.
Hoje eu só quero sorrir, perdoar, mostrar que ainda existe quem seja capaz da esperança nesse mundo, ainda que uma esperança fugidia. Hoje eu só quero me fazer feliz...
Por quantos pecados já me castiguei perdi a conta. De quantos olhares eu fugi, também já nem sei.
Tudo o que eu quero acreditar é que a minha alegria é capaz de transformar os corações assim como transformou o meu. Que tudo há de se ajeitar sem que se precise correr tanto.
Sem pressa, sem tanto medo, há tanto tempo e tanta vida aí em frente.
Eu descobri três coisas importantes sobre mim nesse mês que passou:
1- Eu gosto muito mais de brigadeiro do que pensei!
2- Eu quero escrever pro resto da vida, que ainda que ninguém leia é o que me faz mais feliz.
3- Existe uma pessoa nesse mundo que é pra mim, e não importa, a vida muda mesmo, a gente muda, o que não mudou nesse tempo é o amor que sentimos.
O Gênio que me descobre todos os dias, e que diz se apaixonar por mim mais uma vez a cada texto novo, é a prova de que existem pessoas verdadeiramente boas e capazes de seguir em frente.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Honesto, é ser honesto consigo.
Eu passei por tantos labirintos antes de me encontrar, passei tanto tempo esperando pelo momento a vir, e de repente o que eu sou não basta. Não basta para que gostem de mim, para que a minha cinta-liga ou minhas roupas não incomodem ninguém, para que deixem de me olhar como qualquer coisa descontrolada, perdida... Não basta para que me olhem verdadeiramente nos olhos e queiram me conhecer, saber o que eu tenho ou não a oferecer.
Você simplesmente espera que te achem interessante pelo caráter e pela bondade que sabe que tem, que leiam o que você escreve e que te ouçam cantar Chico Buarque depois de umas doses e umas risadas a mais. Para você isso tudo é tão normal, que nas suas lágrimas ao pôr do sol na Avenida Paulista, e nos seus pensamentos mais fundos não encontra razão para que sua verdade e simples existência sejam tão ofensivas para alguns.
É tão bonito quando, mesmo sem tempo algum, de repente você tem um amigo de infância, que te ouve e ri das tuas bobagens pequenas, num passeio sem excessos, ou uma noite qualquer por aí, jogados pela Consolação, ou qualquer outro lugar. No meu mundo, tão cedo todos são cheios de sorrisos e abraços que te libertam e não oprimem que às vezes eu me esqueço das diferenças.
Existem tantas portas fechadas, e apenas um caminho, que no final das contas sempre é ser o que é. Sem rodeios, sem mais máscaras, sem disfarces, sem medo de se mostrar, de que adianta gostarem da tua mentira? É por isso que mais uma vez essa imagem de segurança e indiferença me cansou. Eu não sou bonita vinte e quatro horas por dia, como eu gosto tanto que pensem. Não sou interessante ou sensual, e eu trocaria todas as noites intermináveis e divertidas cheias de liberdade em garrafas e cigarros por uma só vez poder ouvir meu grande amor dizer qualquer palavra, cantar qualquer estrofe de qualquer canção que fosse, olhando para mim.
Meus olhos mudam de cor assim como eu me transformo dependendo do dia e do sol. Todas as coisas vão se transformando, e me disseram que quando uma luz se acende todo mundo percebe. Eu posso ser mil, e não existe outra igual - Como já dizia meu grande amor.
Minhas mãos são as mesmas mas eu mudo de esmalte quase todos os dias, apenas para me encher de cor.
O meu rosto ainda é o mesmo, ainda que eu mude a cor do blush, da sombra, ou até o formato da sobrancelha.
Eu posso ser diferente, e não muda o fato de que quase sempre, em quase todo lugar vai ter alguém a quem a minha simples presença vai ferir. O que mata é que não haja bem uma maneira de mudar isso. Não há bem uma maneira de fazer sempre tudo certo, e quem é que diz o que é certo mesmo?
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